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Repleta de excessos, 'Morde & Assopra' termina sem convencer

12 out 2011 - 10h30
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Mariana Trigo

Morde & Assopra chega na reta final com surpreendentes 33 pontos de média. Recheada de personagens caricatos, histórias inverossímeis e uma trama superficial, mais uma vez o horário das sete tenta se equilibrar entre o riso fácil e despretensioso e o exagero cênico. A produção, que começou abordando a paleontologia com interessantes efeitos especiais, se perdeu no humor escrachado, em vilãs de histórias infantis e em um texto pouco embasado. Walcyr Carrasco, que assinava tramas tão eficazes e criativas para o horário das seis, como O Cravo e A Rosa e Chocolate com Pimenta, entre outras, tentou trazer a ingenuidade dessas produções de época para uma história contemporânea, o que não deu certo, a não ser que o foco tenha sido o público infantojuvenil.

Com cenas quase circenses e muitos tons a mais, Elizabeth Savalla, na pele da histriônica Minerva, volta a interpretar a mesma personagem que há tempos vive na televisão, sempre com os mesmos recursos cômicos. Em contrapartida, a história apresentou ápices dramáticos bem desenvolvidos através de Dulce, vivida com maestria por Cássia Kis Magro. Desprovida de vaidade e com uma densidade comovente, Cássia conseguiu acertar o tom sofrido da personagem, mesmo com uma caracterização quase exagerada.

Quem também conseguiu se sobressair em todos os excessos da história foi Flávia Alessandra. Dividida entre as personagens Naomi e uma androide, a atriz alcançou o mais difícil: interpretar uma robô sem cair no ridículo e comprometer a veracidade da trama. Mérito também de Mateus Solano, que viveu Ícaro, seu companheiro de cena. Independentemente da fraca condução da direção, o ator conseguiu fazer com que seu papel apático e desajeitado ganhasse credibilidade como um homem íntegro e apaixonado.

Mesmo diante de uma profusão de frases de efeito e jargões, a produção chega ao fim com conclusões previsíveis, como o final feliz dos mocinhos Júlia e Abner, de Adriana Esteves e Marcos Pasquim, além de Naomi e Ícaro. Sem deixar rastros na teledramaturgia em inovações tecnológicas, em tomadas originais, em personagens impactantes ou com uma história bem elaborada, Morde & Assopra ofereceu apenas a cesta básica do entretenimento do horário. Foi uma espécie de "fast-food" para o público infantojuvenil.

'Morde & Assopra' chega ao fim sem convencer
'Morde & Assopra' chega ao fim sem convencer
Foto: TV Globo / Divulgação
Fonte: TV Press
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