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"Comparações serão inevitáveis", diz Juliana Paes sobre 'Gabriela'

16 jun 2012 - 12h39
(atualizado às 13h24)
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Geraldo Bessa

Recriar um clássico é um risco. Primeiro, pela inevitável comparação com o original. Depois, por poder ser considerada uma mera cópia do original. A primeira adaptação para a televisão do livro Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, feita em 1975 por Walter George Durst, entrou para a história da teledramaturgia ao apresentar uma Sônia Braga lasciva e visceral. E imediatamente tornou a atriz em referência de mulher brasileira. Para comemorar o ano em que o autor baiano faria 100 anos, a Globo aposta no remake de Gabriela. O resultado pode ser conferido a partir do próximo dia 18 de junho, às 23h.

"Comparações serão inevitáveis. Sei da responsabilidade de reviver esse papel. A Sônia é diva! A preparação foi intensa e me deu segurança para mostrar a minha interpretação para Gabriela", ressalta uma nervosa Juliana Paes, intérprete da personagem-título na nova versão do folhetim.

Sem se importar com possíveis críticas e comparações, Walcyr Carrasco, responsável pela nova adaptação, garante que não assistiu à primeira versão e que, por estar totalmente focado no livro, seu texto não faz qualquer menção ao trabalho de Durst. Por isso, o autor não encara Gabriela como um remake. "A novela terá outra pegada. Já li Gabriela, Cravo e Canela muitas vezes. Por isso, assinar esse texto na TV é como a realização de um sonho. Gosto da maneira como o autor retrata uma sociedade em transformação", elogia Walcyr.

Em uma Ilhéus do início do século XX, o improvável encontro amoroso entre a retirante Gabriela e o solitário Nacib, de Humberto Martins, tem como pano de fundo os conflitos políticos e morais de uma região sob total influência dos coronéis da Era do Cacau, sobretudo do poderoso Ramiro Bastos, de Antônio Fagundes. "A cidade inteira fica chocada com a chegada de Gabriela. Ela é a personificação da liberdade: só faz o que quer, segue seus instintos e não tem medo de mostrar seus desejos", define Humberto Martins.

Com direção de núcleo de Roberto Talma e direção-geral de Mauro Mendonça Filho - mesma dupla responsável pelo remake de O Astro, exibido no ano passado -, Gabriela faz parte da retomada de investimentos da Globo em novas versões de tramas clássicas na faixa das onze da noite. "É um horário perfeito para fazer a melhor abordagem do livro, que é forte, não só do ponto de vista sexual, mas político também. Estou adorando voltar a esta trama, que agora será contada com tecnologia de ponta", ressalta Talma, que também estava na equipe técnica do folhetim de 1975.

Totalmente captada em alta definição, cada um dos 76 capítulos previstos para Gabriela teve custo médio de R$ 400 mil. O trabalho para a produção começou em novembro do ano passado, quando autor e diretor foram até Ilhéus e outras cidades do Sertão Nordestino definir possíveis locações. "Por se tratar de um produto especial para a emissora, as escolhas técnicas foram cercadas de cuidados. Desde a fotografia de cores quentes, passando pela recriação de lugares reais em estúdio, figurinos e maquiagem", detalha Mauro Mendonça Filho.

As primeiras sequências de Juliana Paes como a personagem foram gravadas no árido interior do Piauí. Enquanto isso, a equipe do cenógrafo Mauro Monteiro construía uma Ilhéus coerente com a década de 20, no Projac - Central Globo de Produção, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. "A cidade é um dos personagens mais importantes da trama e interage com o elenco. Por exemplo: quem está no bar do Nacib, tem de ter a visão exata da janela onde está a Glória", explica o cenógrafo, referindo-se ao Bar Vesúvio, ponto de encontro dos homens da cidade, onde é possível observar a exibicionista personagem de Suzana Pires. "Gabriela centraliza a trama, mas o livro tem histórias paralelas bem instigantes, como a moça da janela, as meninas do bordel Bataclan, amores 'shakespearianos', traições...", valoriza Walcyr Carrasco.

Contrariando o autor, a nova versão guarda uma forte e importante semelhança com a trama do passado: a excepcional trilha sonora da novela. "Seria estranho ter outra música de abertura que não fosse Modinha Para Gabriela, na voz da Gal Costa", acredita o diretor Mauro Mendonça Filho.

Além da música de abertura, manter temas de outros núcleos como Filho da Bahia, interpretado por Fafá de Belém, e Alegre Menina, de Djavan, foi um consenso entre emissora e equipe de produção. "São versões definitivas. Mexer nisso seria um pecado!", exagera Talma.

Feminino livre

Filha da seca do sertão nordestino, Gabriela, de Juliana Paes, é uma sobrevivente. Ao chegar na movimentada Ilhéus do início do século XX, ela descobre um novo mundo, cheio de moral e convenções sociais, valores que não cabem na personalidade instintiva da morena cor de canela.

Trabalhando como cozinheira na casa do sírio Nacib, de Humberto Martins, ela começa a chamar a atenção da sociedade ilheense, chocada com a naturalidade da retirante. "Enquanto minha personagem é execrada pelas defensoras dos bons costumes, permeia o desejo dos maridos delas", explica Juliana, entre risos. Apaixonado por Gabriela, Nacib decide casar-se com ela, acreditando que o matrimônio poderia inibir o gosto da amada pela liberdade. "Essa relação deixa o Nacib entre o prazer e o sofrimento", resume Humberto.

Liberdade é um dos temas mais recorrentes de Gabriela. Além da personagem principal, outros tipos abordam o tema sob o contexto feminino. A moderna Malvina, de Vanessa Giácomo, é motivada pelo desejo de estudar e fugir de um casamento arranjado pela família. As meninas do bordel Bataclan, sob o comando de Maria Machadão, de Ivete Sangalo, querem ter a opção de viverem como qualquer dama da sociedade. Enquanto Jerusa, de Luiza Valdetaro, neta do temido Coronel Ramiro Bastos, almeja a chance de vivenciar sua paixão pelo progressista Mundinho Falcão, de Mateus Solano, principal inimigo de seu avô. "É o retrato de uma sociedade saindo de um mundo convencional para o moderno. Hoje não se discute mais tanto a liberação feminina, mas se você colocar a mulher em primeiro plano ao falar de liberdade sexual, ainda existem muitos pudores", acredita Walcyr.

Apoiados pelo horário de exibição do folhetim, autor e diretores garantem que vão ser fiéis ao erotismo tão comum e importante na obra de Jorge Amado. O elenco feminino também está seguro e à vontade para as cenas mais quentes do roteiro. "A sensualidade é um dos pilares da obra. As atrizes que toparam participar desta novela sabiam que poderiam ter de fazer cenas sem pudores. Fico tranquila! Amparada por texto e direção de qualidade, não vai ter nada gratuito", valoriza Vanessa Giácomo.

Quem é quem

Gabriela (Juliana Paes) - Mulher de espírito livre. Gabriela representa a mudança dos tempos, a evolução político-social em uma Bahia dos anos 20. Nasceu no sertão nordestino. Ao chegar a Ilhéus, é contratada como empregada e cozinheira por Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, com quem viverá um romance. Extremamente sensual, ela se torna a mulher mais desejada da cidade.

Nacib (Humberto Martins) - Nasceu na Síria e veio para Ilhéus aos quatro anos de idade. É proprietário do bar Vesúvio, ponto de encontro dos homens da cidade. É amigo de todos os coronéis e também do opositor Mundinho Falcão (Mateus Solano). Contrata Gabriela como cozinheira e acaba apaixonando-se por ela.

Ramiro (Antônio Fagundes) - Intendente de Ilhéus, maior força política da região. Fazendeiro de cacau da época do desbravamento, quando as terras eram conquistadas a tiros. É o líder conservador. Seu poder é contestado quando o jovem Mundinho Falcão desembarca na cidade.

Tonico (Marcelo Serrado) - Filho de Ramiro. É dono do cartório da cidade, casado com Olga (Fabiana Karla), e pai de quatro crianças. Sabe lidar muito bem com a mulher ciumenta, que acredita que são as outras que correm atrás de seu marido tão fiel. Mas é Tonico que vive no cabaré Bataclan. Amigo e confidente de Nacib, ele é o primeiro a se enfiar na cama de Gabriela.

Olga (Fabiana Karla) - Mulher de Tonico. Filha de fazendeiros riquíssimos. Ciumenta, acha que são as mulheres que correm atrás do seu marido, e não o contrário. Vive às turras com a cunhada, Conceição (Vera Zimmermann).

Alfredo (Bertrand Duarte) - Filho de Ramiro. Médico de formação e deputado estadual por imposição do pai. Não tem o menor talento para a política. Marido de Conceição e pai de Jerusa (Luiza Valdetaro).

Conceição (Vera Zimmermann) - Mulher de Alfredo e mãe de Jerusa. Uma dama sofisticada. Por ter nascido em Salvador, acha Ilhéus uma província. É altiva, despreza Gabriela e outras mulheres da cidade. Faz de tudo para impedir o romance de Jerusa com Mundinho.

Jerusa (Luiza Valdetaro) - Filha de Alfredo e Conceição, neta preferida de Ramiro. Bonita e delicada, é obrigada pelo avô a casar-se com Juvenal (Marco Pigossi), filho do coronel Amâncio (Genézio de Barros). Mas se apaixona por Mundinho, maior inimigo político de Ramiro.

Mundinho (Mateus Solano) - Nascido em uma família de políticos paulistas, mudou-se para Ilhéus para criar seu próprio projeto de vida e esquecer um grande amor. É um jovem exportador de cacau, solteiro, idealista, decidido e prático. Passou a enfrentar a oligarquia dos coronéis da região, liderada por Ramiro. Mas apaixona-se justamente por Jerusa, a linda neta de seu oponente.

Amâncio (Genézio de Barros) - Fazendeiro de cacau, viúvo, mora com a mãe Dorotéia (LauraCardoso) e os dois filhos, Juvenal (MarcoPigossi) e Berto (Rodrigo Andrade). É o principal aliado de Ramiro. Para selar a aliança entre as famílias, pretende casar seu filho Juvenal com Jerusa.

Dorotéia (Laura Cardoso) - Mãe de Amâncio, se considera o pilar moral de Ilhéus. Tudo passa pelo seu julgamento. Dominadora, é o terror da cidade, quer saber de tudo e aconselhar a todos.

Juvenal (Marco Pigossi) - Filho de Amâncio, volta para Ilhéus depois de anos estudando em Salvador. Tem ideias progressistas e enfrenta oconservadorismo do pai. Quer se casar com Jerusa, mas apaixona-se por Ina (Raquel Villar), uma jovem sensual que trabalha no Bataclan.

Berto (Rodrigo Andrade) - Filho de Amâncio. Rico e machista, enquanto os pais de sua noiva, Lindinalva (Giovanna Lancelotti), são vivos, ele a respeita. Porém, com a morte dos futuros sogros, é o primeiro a se aproveitar das dificuldades da moça.

Lindinalva (Giovanna Lancelotti) - Noiva de Berto, jovem bonita, da incipiente classe média da cidade. O casamento está para ser marcado, mas seus pais morrem em um acidente. Lindinalva descobre as dívidas da família e passa a depender do noivo. Em troca, ele exige dormir com ela antes do matrimônio. Isso faz com que ela passe a ser hostilizada por todas as mulheres que eram amigas de sua mãe. Abandonada por todos, vê-se obrigada a bater na porta do cabaré Bataclan.

Melk (Chico Diaz) - Rico fazendeiro de cacau, mora em Ilhéus com a esposa Marialva (Bel Kutner) e a filha Malvina (Vanessa Giácomo). Conservador, é um pai rígido, duro, de personalidade forte. Proíbe a filha Malvina de continuar os estudos na Universidade.

Marialva (Bel Kutner) - Mulher de Melk, é assustada e submissa. O que o marido diz para ela é lei. Passa o tempo todo tentando impedir os desentendimentos entre Malvina e o pai.

Malvina (Vanessa Giácomo) - Filha única de Melk e Marialva. Jovem, bela, inteligente e rebelde. Não aceita viver de acordo com as convenções da sociedade de Ilhéus. Enfrenta o conservadorismo do pai e simboliza a libertação feminina, que dá seus primeiros passos na década de 20.

Maria Machadão (Ivete Sangalo) - Dona do Bataclan. Extrovertida e alegre, mas quando necessário, autoritária com as "meninas" de seu bordel. Conhece os chamegos, amores, paixões e segredos dos coronéis e seus filhos. Estabelece com as garotas do Bataclan uma relação de amizade e exploração. Todas lhe pagam metade do que recebem de cada cliente, no ato.

Zarolha (Leona Cavalli) - Sergipana, a preferida de Nacib no Bataclan. Seu maior sonho é casar com um coronel e se tornar senhora.

Natascha (Nathália Rodrigues) - Loura e espera, fala com sotaque e conta que é da família imperial russa. Por isso, é cheia de exigências.

Teodora (Emanuelle Araújo) - Morava em uma fazenda de cacau e fugiu de casa depois que o padrasto tentou seduzi-la. Virou prostituta a convite de Maria Machadão.

Ina (Raquel Villar) - A mais jovem de todas as mulheres do bordel. Delicada e sempre assustada, gosta de brincar de boneca. Embora, é claro, não tenha mais idade para isso.

Miss Pirangi (Gero Camilo) - Homossexual assumido. Espécie de "faz-tudo" do Bataclan: limpa o bordel, serve as mesas, faz pequenos trabalhos de costura. É generoso, mas marginalizado pela sociedade ilheense.

Jesuíno (José Wilker) - Marido de Sinhazinha (Maitê Proença), trata sua mulher de forma rude e cruel. Rígido, descobre a traição da esposa com o dentista Osmundo (Erik Marmo) e decide "fazer justiça". Pela conduta, será o primeiro a ser questionado pela sociedade em transformação.

Sinhazinha (Maitê Proença) - Mulher de Jesuíno, sofre nas mãos do marido. Vive na igreja, é amiga de todas as senhoras da sociedade. Um dia vai fazer um tratamento dentário com o jovem Osmundo e apaixona-se por ele.

Osmundo (Erik Marmo) - Jovem dentista vindo de Salvador. Filho de um rico comerciante, se instalou em Ilhéus com um consultório bem montado. Torna-se o dentista preferido da elite de Ilhéus.

Coriolano (Ary Fontoura) - Mora com a sedutora Glória (Suzana Pires) e não aceita traição de jeito nenhum. Vive tentando descobrir as derrapadas da mulher, mas ela sabe disfarçar muito bem.

Glória (Suzana Pires) - Bela mulher sustentada por Coriolano. Vive na casa que foi da família do coronel, próxima às famílias da sociedade, para escândalo das mulheres locais e diversão do frequentadores do Vesúvio, que a veem, todas as tardes, na janela da residência.

Gabriela - Estreia dia 18 de junho, às 23 h, na Globo.

Juliana Paes e Humberto Martins interpretam os protagonistas da trama
Juliana Paes e Humberto Martins interpretam os protagonistas da trama
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: TV Press
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