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Atores investem em laboratórios para aprofundar atuações

26 mai 2013 - 08h28
(atualizado às 09h11)
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Cada vez mais atores da televisão brasileira investem tempo para conhecer mais a fundo seus papéis
Cada vez mais atores da televisão brasileira investem tempo para conhecer mais a fundo seus papéis
Foto: Afonso Carlos/Carta Z Notícias / TV Press

Normalmente, uma das principais preocupações de um ator ao assumir um personagem é mostrar naturalidade em sua interpretação. Por isso mesmo, desde se instalar em uma base militar durante dias para acompanhar a rotina do grupo até servir mesas de bar, vários são os esforços que o elenco de uma novela precisa fazer na busca pela veracidade em cena. E, muitas vezes, contrariando o mais óbvio, a maior dificuldade passa longe de enfrentar perigos ou participar de treinos físicos.

"Caber nos coletes antigravidade foi um grande problema. Não tinha do meu tamanho, ficavam apertados. Com isso, voar por uma hora e meia e ainda preso por cintos de segurança, tendo de registrar dezenas de informações na cabeça, foi bem tenso", lembra Dudu Azevedo, que interpreta o piloto da aeronáutica Amadeu em Flor do Caribe. Ao lado dos colegas Max Fercondini, Tiago Martins, Thaíssa Carvalho e Henri Castelli, o ator passou cerca de 10 dias vivendo o cotidiano de uma base aérea de Natal (RN) com o objetivo de ter maior familiaridade com seu personagem na TV.    

Flávia Alessandra também dividiu o mesmo espaço que militares para se preparar para dar vida à veterinária Érica em Salve Jorge. Primeiro na Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, interior do Rio de Janeiro. Depois no subúrbio carioca, em Deodoro, onde teve contato com veterinários.

"Fizemos treinamento físico, refeições, tudo com eles. E uniformizados. Até dirigir blindados e dar tiro rolou. Tudo dentro daquele universo", lembra a atriz, que já hávia sofirdo com a demanda de esforço físico em outra preparação para um papel: a enfermeira e dançarina Alzira em Duas Caras.

Na época, Flávia lesionou cotovelo, pulso e joelho aprendendo e gravando as cenas de pole dance. Quando acabou a novela, foi direto para a fisioterapia e, em função da recuperação, não pôde dar vida à mocinha Lívia, em Negócio da China. Deixou a vaga para Grazi Massafera.

Assim como os militares que acompanhou, Flávia já serviu de inspiração para laboratórios de outros atores. No caso, do próprio marido, Otaviano Costa. Formada em Direito, a atriz o ajudou na hora de estudar o comportamento ideal para viver o advogado Haroldo de Salve Jorge. "Fomos juntos a alguns escritórios para que eu soubesse de que forma deveria me posicionar. Como não gosto de olhar atores fazendo, costumo trabalhar bastante em cima da minha intuição e desses mergulhos no universo dos personagens", explica Otaviano, por coincidência, também filho de uma advogada.

Danielle Winits interpreta uma enfermeira em Amor à Vida e sua preparação para encarnar a solitária Amarilys se deu por completo em um hospital. Mas, ao contrário de outros colegas de elenco na novela, a atriz optou por uma pesquisa diferente. No lugar de doenças e tratamentos, ela recorreu à ouvidoria da instituição visitada para descobrir histórias inusitadas que se passam dentro de um quarto ou unidade de tratamento intensivo.

"Ouvi coisas emocionantes e inacreditáveis. Como um casamento que aconteceu porque uma filha não queria que a mãe morresse sem vê-la casada. Acho que essa abordagem vai me ajudar mais nessa personagem", avalia.

Frequentar um ambiente semelhante ao que o personagem trabalha é quase um clichê no preparo de qualquer ator. Mas Claudio Heinrich prefere levar ao extremo o laboratório para seus papéis. Tanto que para o mais recente, o garçom Elton de Vidas em Jogo, chegou a dar expediente atendendo as mesas de um bar no Rio de Janeiro.

"O primeiro dia foi complicado, mas depois eu já estava pegando o jeito. Já sabia a maioria dos preços do cardápio", recorda o ator, que chegava de manhã e só tirava o uniforme por volta das 15h.

Na pele da chef Doralice de Flor do Caribe, Rita Guedes não chegou a trabalhar cozinhando para fora. Mas contou com uma ajuda profissional e tanto na hora de aprender as habilidades de forno e fogão. "Tive aulas com a Ana Rita Menegaz, que é a chef do Palácio da Guanabara (residência oficial do governador do Rio de Janeiro). E, depois de dois meses, já sabia cortar os legumes daquele jeito rapidinho que os chefs cortam", gaba-se.   

Inversão de papéis

No ar como o rendeiro Lino de Flor do Caribe, José Henrique Ligabue assume que recebeu com surpresa a escalação para interpretar um homem que tece rendas. Tanto que foi a partir da terceira aula com Dona Conceição, simpática senhora de 75 anos, que começou a se sentir mais à vontade.  

Em mais de seis décadas dedicadas à atividade, a professora nunca tinha visto um homem nessa posição. "De fato, é algo mais associado à figura feminina. A parte mais complicada é pegar o jeito de entrelaçar os fios", conta o rapaz de 30 anos, que estreia com o personagem na TV e, nas sequências da novela, trança as linhas de verdade, respeitando o desenho e a técnica. 

Por outro lado, Lília Cabral também precisou aprender atividades que normalmente são desempenhadas por homens para dar vida à sua primeira protagonista de novela. Em Fina Estampa, Griselda trabalhava como "faz tudo" da Barra, Zona Oeste do Rio, para criar os filhos depois que o marido sumiu no mar. Para isso, a atriz contava com ajuda técnica em algumas sequências.

Mas um detalhe a ajudou nessa construção quando ainda gravava as primeiras cenas da trama. Durante uma viagem para Vitória (ES), conheceu uma mulher com profissão semelhante que atuava dentro de um hotel. "Lá estava ela, com uma maleta e sua botinha, pronta para resolver um encanamento quebrado ou qualquer outro transtorno. Aquela imagem me fez entender que existem, sim, mulheres como a Griselda", conta a atriz, que tirou uma foto com a senhora para guardar de recordação.  

Instantâneas

- Para viver a delegada Helô de Salve Jorge, Giovanna Antonelli conviveu com mulheres que chefiavam delegacias e passou um dia dentro de uma, para ver como funciona a rotina. 

- Paula Pereira também recorreu ao laboratório para viver a espevitada Nilceia em Salve Jorge. "Fiz curso. No começo, aprendi a fazer coisas mais simples, como limpar e lixar. Depois, até colocar unhas postiças eu já sabia", conta ela, que vivia uma manicure na trama. 

- Assim como Flávia Alessandra em Duas Caras, Luma Costa precisou aprender pole dance para interpretar a stripper Odete Roitman de Pé na Cova

Na época em que interpretou o mocinho Pedro de

Chamas da Vida

, Leonardo Brício passou por uma intensa preparação com bombeiros cariocas. O ator ficou duas semanas no quartel central do Rio de Janeiro

Para interpretarem guias turísticas em Flor do Caribe, Grazi Massafera e Débora Nascimento tiveram de aprender a dirigir buggy

Fonte: Terra
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