Todo fim de novela é a mesma coisa. Aqueles que acompanharam a trama desde o início se sentam ansiosos na frente da televisão e logo começam a disparar palpites sobre o destino de cada um dos personagens. Aqueles que não assistiram a nenhum capítulo também não querem ficar de fora e se juntam aos outros no sofá para tentar entender a história inteira em apenas um dia. O problema é quando o autor decepciona e todos sentem que desperdiçaram uma valiosa hora de suas vidas ali.
Montamos abaixo uma lista com 10 novelas da TV Globo que deixaram a desejar na reta final e frustraram antigos e novos telespectadores. O fato de Em Família ter saído do ar na última semana, obviamente, não é mera coincidência...
Em Família (2014) Quando o autor não sabe o que fazer com um personagem, qual é a alternativa mais fácil? Matá-lo, é claro. Melhor ainda se o assassino for alguém que não tem a menor relevância, assim a história não precisará de muitas explicações. Foi isso que aconteceu no último capítulo de Em Família, de Manoel Carlos, em que a novata Lívia (Louise DTuani) disparou contra o protagonista Laerte (Gabriel Braga Nunes). O final ainda contou com diversos casos não solucionados, como a ligação de Juliana (Vanessa Gerbelli) com a morte de Gorete (Carol Macedo) e o plano de Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) de adotar uma criança.
Foto: TV Globo / Divulgação
Fina Estampa (2011/2012) Com personagens fortes e boas histórias, Fina Estampa prometia um final épico, o que ficou longe de acontecer. O último capítulo começou cheio de ação com Antenor (Caio Castro) e Patrícia (Adriana Birollo) salvando a mãe Griselda (Lilia Cabral) de mais uma armação de Tereza Cristina (Christiane Torloni), mas Aguinaldo Silva não conseguiu segurar o ritmo. A decepção maior ficou reservada para a última cena: caminhando tranquilamente pela rua, a protagonista quase foi atropelada pela vilã, que, como havia sugerido uma cena anterior, deveria estar morta. Além disso, o mistério em torno do amante de Crô (Marcelo Serrado) não foi desvendado.
Foto: TV Globo / Divulgação
Tempos Modernos (2010) Considerada uma das piores novelas da TV Globo, Tempos Modernos, do estreante Bosco Brasil, não poderia ficar de fora dessa lista. No decorrer da trama, Leal Cordeiro (Antonio Fagundes) e Hélia (Eliane Giardini) trocaram inúmeras juras de amor até que, no último capítulo, perceberam que tiveram apenas uma noite e se separaram de vez. Isso sem falar na facilidade com que a malvada Maurren (Paula Possani) conseguiu abrir uma algema com um clips e fugir no meio de todos e no assustador número de bebês que nasceram ao mesmo tempo. Muita mágica para pouca história...
Foto: TV Globo / Divulgação
Caminho das Índias (2009) A grande crítica sobre Caminho das Índias aconteceu por sua estranha semelhança com O Clone, novela escrita pela mesma autora e exibida anos antes pela mesma emissora. Os problemas, porém, não acabaram aí. A trama de Glória Perez decepcionou (e muito) com o capítulo final, que mostrou cenas dignas dos romances adolescentes mais café com açúcar do cinema. No aguardado reencontro de Maya (Juliana Paes) e Raj (Rodrigo Lombardi), por exemplo, um caminhou lentamente em direção ao outro em meio a uma multidão enquanto a roupa básica da protagonista, em um toque de mágica, transformava-se em ricas vestes de festa.
Foto: TV Globo / Divulgação
Negócio da China (2008/2009) A novela Negócio da China, de Miguel Falabella, foi um festival de bizarrices do começo ao fim. Não é para menos: unir a máfia chinesa com o plano espiritual e o subúrbio carioca não foi uma das escolhas mais sábias do autor. Para driblar o desastre de toda a trama, ele resolveu virar o jogo e optou por um final extremamente clichê, com direito a casamento coletivo e gravidez da protagonista Lívia (Grazi Massafera). Essa definitivamente não emplacou.
Foto: TV Globo / Divulgação
Paraíso Tropical (2007) Uma novela em que Wagner Moura interpreta o vilão não tem como fracassar, certo? Errado. Em Paraíso Tropical, escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares, o suspense quem matou Tais (Alessandra Negrini) foi o grande responsável pela boa audiência dos últimos capítulos. O que o espectador descobriu no final, porém, não foi nem um pouco surpreendente: o responsável pelo assassinato era Olavo, personagem de Wagner, ou seja, a escolha mais óbvia possível.
Foto: TV Globo / Divulgação
Páginas da Vida (2006/2007) Em relação aos protagonistas, Páginas da Vida não mostrou nada de diferente na reta final: Helena (Regina Duarte) se entendeu com o grande amor de sua vida Diogo (Marcos Paulo) e conseguiu a guarda da filha adotiva. Mas o erro maior de Manoel Carlos aconteceu com o desfecho da vilã. Marta, personagem de Lilia Cabral, sofreu um surto e foi impedida de cometer suicídio pelo espírito da filha Nanda (Fernanda Vasconcellos). Exagerou, né?
Foto: TV Globo / Divulgação
Bang Bang (2005/2006) Colocar Bruno Garcia para interpretar um mocinho cômico moralmente questionável foi uma boa aposta de Mário Prata em Bang Bang. A trama confusa centrada na vida do rapaz que queria vingar a morte de sua família, porém, cansou a todos e não conseguiu segurar a audiência. Talvez por isso, uma reviravolta foi exibida no capítulo final: Benjamin deixou de ser um corajoso vingador para virar dono de casa. O problema é que isso fez com que a inexpressiva Diana (Fernanda Lima) ganhasse um destaque nada merecido.
Foto: TV Globo / Divulgação
América (2005) Depois de criar muito lenga-lenga entre Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício), Glória Perez decidiu que os protagonistas de América não deveriam terminar a novela juntos e decepcionou parte do público. O mais frustrante, no entanto, ficou com um dos núcleos secundários. Eron Cordeiro e Bruno Gagliasso chegaram a gravar uma cena em que seus personagens se beijavam, mas ela foi cortada na edição final. O relacionamento entre os dois, então, ficou apenas subentendido (o que deixou o posto de primeiro beijo gay da emissora reservado para Mateus Solano e Thiago Fragoso anos depois em Amor à Vida).
Foto: TV Globo / Divulgação
O Clone (2001/2002) Sim, O Clone foi um dos grandes sucessos da teledramaturgia brasileira. Mesmo assim, não tem como deixá-la de fora dessa lista. Tudo porque, no último capítulo, Glória Perez resolveu criar cenas confusas e cheias de fantasias que brincaram com a paciência dos espectadores. O desaparecimento de Leo (Murilo Benício) e Dr. Albieri (Juca de Oliveira) no deserto e o vôo de Nazira (Eliane Giardini) e Miro (Raul Gazolla) em um cavalo alado (isso mesmo, um cavalo alado) são apenas dois exemplos.