'Dona Xepa' estreia com Thais Fersoza na pele de sua 1ª vilã
A história do filho que sente vergonha da própria mãe, mesmo que esta faça de tudo para lhe dar uma vida melhor, já foi usada como fio condutor para inúmeras produções televisivas. Mas nunca esteve tão bem ilustrada como no clássico Dona Xepa. Escrito originalmente como peça teatral por Pedro Bloch, o texto já foi rodado no cinema, em 1959, e teve duas adaptações para a TV - sendo a primeira homônima ao espetáculo, exibida em pela Globo em 1977, e a segunda intitulada de Lua Cheia de Amor, produzida em 1990 pela mesma emissora.
Desta vez, a trama volta ao ar pela Record – estreou na última terça-feira (21) – em formato de "remake". Como é inspirado diretamente na obra de Pedro Bloch, o folhetim só tem os protagonistas da história em comum com suas outras adaptações. No caso, a própria Dona Xepa e seus filhos Édison e Rosália, vividos respectivamente por Ângela Leal, Arthur Aguiar e Thais Fersoza.
Assim, dá liberdade para Gustavo Reiz, autor do "remake", traçar novos caminhos no decorrer da trama. Contudo, desde o primeiro capítulo é visível que a repaginada no texto original não ficará apenas por conta de seus novos personagens. Gustavo optou também por atualizar os acontecimentos e a linguagem da novela. Logo em sua estreia, por exemplo, Xepa grava um depoimento sobre a feira em que trabalha para um projeto da faculdade de seu filho.
O vídeo vira chacota entre os alunos e cai na internet, para desespero de Édison, que tenta esconder ao máximo sua origem pobre. As interpretações ainda têm um longo caminho a percorrer. Apesar de contar com personagens menos caricatos que as últimas apostas da emissora, Máscaras e Balacobaco, uma parte do elenco ainda está pecando pelo excesso. Nas primeiras cenas da novela, quando a protagonista encontra sua rival, a também feirante Matilda vivida por Bia Montez, o embate das duas é pouco crível.
E em muitas partes incompreensível pelo excesso de sotaque atribuído ao núcleo da feira. Outro caso é o de Júlio Cesar e Meg Pantaleão, de Mauricio Mattar e Luiza Tomé, que deixaram a desejar tanto na química entre o casal, quanto na atuação forçada. Em contrapartida, Arthur Aguiar e Thais Fersoza mostram que foram ótimas escolhas para seus respectivos papéis. Com uma grande ajuda da caracterização da novela, o ator demonstrou que deixou seu personagem de Rebelde para trás e conseguiu convencer na pele do filho envergonhado, porém de boa índole.
Já Thais encara sua primeira vilã na televisão. E mesmo sem experiência com personagens malvadas, a atriz é, até agora, um dos destaques positivos da novela, com uma atuação dentro do tom esperado para a alpinista social Rosália. Quanto à parte mais técnica do folhetim, podem se destacar erros e acertos. A cenografia criou uma feira que em um aspecto geral até se aproxima do que se vê nas ruas.
Mas falta um toque de realidade nas barracas, todas muito arrumadas e organizadas. Já o colorido das frutas, verduras e flores vendidas na feira proporcionaram uma bela fotografia à produção. Além disso, tanto a abertura da novela, embalada por um gari dançando entre desenhos animados, como a trilha sonora, recheada de sambas, deixaram claro o apelo popular da trama. O tema de abertura, aliás, é uma versão com um novo arranjo da mesma música da novela homônima exibida na Globo.
Há apenas uma semana no ar, não se pode definir se o "remake" de Dona Xepa conseguirá cair nas graças do público como as outras adaptações de seu texto original. Entretanto, se comparado aos últimos investimentos da emissora, o novo folhetim já é um grande avanço em termos de teledramaturgia.
-1iukdnw08nbs1.jpg)
