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Há 15 anos estreava na Globo a vilanesca trama 'Meu Bem Querer'

18 ago 2013 - 13h40
(atualizado às 13h40)
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É no Nordeste que mora boa parte da inspiração de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. Ao longo dos anos 1990, os autores criaram juntos tramas de sucesso e sotaque carregado, como Pedra Sobre Pedra, Fera Ferida e A Indomada. Todas ambientadas em cidades fictícias e nordestinas. Sentindo-se preparado para um voo solo, mas sob a supervisão de Aguinaldo, em agosto de 1998, Ricardo estreava a ensolarada trama de Meu Bem Querer. "A Globo me pediu uma sinopse e eu criei uma história fortemente inspirada em tudo que eu havia feito antes. Só que mais ao meu modo de trabalho. Foi uma novela gostosa de construir porque trazia elementos que eu conhecia muito bem. E, por sorte, consegui um elenco de primeira", valoriza Ricardo.

O eixo central da trama era capitaneado por um quarteto formado pelos bonzinhos Antônio e Rebeca, e pelos dissimulados Juliano e Lívia, personagens de Murilo Benício, Alessandra Negrini, Leonardo Brício e Flávia Alessandra, respectivamente. O sonho dos vilões era acabar com o amor do casal principal. Algo que acontece logo no início da trama. "Lívia era simplesmente apaixonada pelo Antônio e não tê-lo desperta os piores sentimentos nela", analisa Flávia Alessandra.

Personagens errantes e suas atitudes pouco ortodoxas, inclusive, eram o grande trunfo do autor em Meu Bem Querer. Além da personagem de Flávia, Juliano escondia sua falta de caráter e a inveja da vida de Antônio sob a máscara de um fanático religioso que acredita ter poderes sobrenaturais. "O personagem foi ficando cada vez mais perturbado ao longo da trama e sofre ao descobrir que é irmão de seu grande inimigo", relembra Leonardo Brício.

Acima dos dois estava Custódia, de Marília Pêra, grande latinfundiária da região e algoz dos moradores de São Tomás de Trás, uma pequena e fictícia cidade do interior do Ceará. "Tudo passava pela Custódia. Principalmente, os segredos dos moradores. Ela mandava e desmandava em todos. Era um tipo maquiavélico bem ao gosto das novelas. O mais interessante é que ela vivia em um universo paralelo, não saia de casa e mesmo assim era onipresente na vida de cada um", define Marília. Na mesma linha da vilã era sua cunhada, Verena, de Lilia Cabral. Com a morte do marido, Fausto, de Nuno Leal Maia, ela volta à cidadezinha disposta a enfrentar Custódia pelo que lhe é de direito. O encontro das duas, além de muita briga, também é carregado de humor. "Era a típica mulher interesseira, mas que ganha o público por fazer piadas. Uma personagem até engraçada, mas só quando lhe era conveniente", conta Lilia.

Além do coronelismo tão comum na região, outra "ferida" abordada pelo autor foi a "guerra" entre religiões, retratada nos discursos calorosos do Padre Ovídio, papel do falecido Cláudio Correia e Castro, e do pastor evangélico Bilac, de Mauro Mendonça. "A questão religiosa era algo muito pertinente naquele momento do Brasil. Ovídio e Bilac disputavam os fiéis de forma feroz e viraram grandes inimigos por causa da intolerância", destaca Mauro Mendonça.

Com parte das gravações iniciais feitas em praias e regiões turísticas do Ceará, Meu Bem Querer também ganhou uma cidade cenográfica especial no Projac, Centro de Produção da Globo localizado no Rio de Janeiro. Assinada por Raul Travassos, a cenografia construiu dunas que retratavam fielmente a paisagem suntuosa de locais como as praias de Canoa Quebrada e Jericoacoara.

Ao final da construção, a equipe de Travassos resolveu homenagear outras tramas regionalistas já feitas por Ricardo Linhares e seus parceiros. "Cada rua tinha um nome que lembrava novelas antigas, como o Beco da Cinira, personagem de 'Tieta', ou a Ladeira Altiva de Mendonça e Albuquerque, que foi a grande vilã de 'A Indomada''', ressalta. Cheia de ingredientes que já deram certo em outras tramas das oito, a temática nordestina da novela se perdeu no horário das sete e não obteve tanta repercussão. Boa parte disso deve-se à falta de carisma dos personagens principais. A história de amor mais comentada à época, inclusive, foi a de Ava e Martinho, de Ângela Vieira e José Mayer. "Era um casal maduro e crível. Os telespectadores torciam por eles", argumenta Mayer.

Fonte: TV Press
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