PUBLICIDADE

"Gosto de fantasia, a realidade é bem chatinha", diz autor de 'Passione'

19 mai 2010 - 14h49
(atualizado às 15h07)
Compartilhar
Arcângela Mota
Direto do Rio

Silvio de Abreu fala de Passione como se estivesse se referindo a um filho. É com carinho e orgulho que o autor de 67 anos esmiúça as características de sua próxima novela, que estreou na faixa das 21h da Globo na segunda-feira (17). Em uma história que se passa entre o Brasil e a Itália, Silvio aposta em uma trama ágil, com belos visuais e um elenco renomado para atrair os telespectadores. "Gosto de fantasia. Nas minhas novelas, as pessoas têm de ser bonitas, bem arrumadas e muita coisa acontece. A realidade é bem chatinha", destacou.

O autor frisa que, ao escrever uma novela, pensa apenas em entreter o público. Sem se comprometer com temas polêmicos ou questões sociais, ele defende que a estrutura dos folhetins dificulta um comprometimento intelectual. "Não dá para aprofundar ideias porque tem um comercial a cada 15 minutos. A meu ver, novela é um grande entretenimento popular", argumentou.

A Itália e a cultura italiana já serviram como pano de fundo de várias novelas brasileiras. Por que reexplorar isso em Passione?

Eu queria fazer uma novela passada na Itália porque é um país que adoro. Sempre fui um grande fã da Itália, principalmente do cinema italiano, no qual busquei inspiração. É um povo que mistura muito a tragédia e a comédia, que é algo que faço nos meus trabalhos há muito tempo. Mas, além disso, Passione também vai ter muito suspense. A novela vai dar uma virada e se tornar uma trama policial por volta do capítulo 100, quando um dos personagens é assassinado.

A que se refere o título Passione?

A grande paixão é entre os personagens do Tony Ramos e da Mariana Ximenes, o Totó e a Clara. Mas essa não é uma novela que tenha um protagonista. Tem várias histórias de amor fortes. Antes a gente fazia novelas com 20 minutos no ar. Hoje em dia são 55. Fica chato se não tiver muitas tramas para desenvolver. Não dá mais para fazer uma novela centrada apenas em um casal. Tem de ter muitas mocinhas, mocinhos e bandidos para poder criar emoção todo dia, senão fica tudo igual.

Passione ocupa o horário nobre com a missão de substituir Viver a Vida, que manteve índices de audiência aquém do esperado. Quais são suas expectativas?

Faço novelas para que as pessoas assistam com prazer. Acho que a tevê tem de instigar o telespectador. Não gosto da ideia de que alguém vê novela porque não tem nada melhor para fazer. Acho muito ofensivo. Para mim, a pessoa tem de ver porque gosta. Mas, para isso, você tem de dar elementos que atraiam. É claro que quero ter ibope, mas o mais importante para mim é que elas gostem do que estão assistindo. O meu prazer é o da comunicação.

Mas a opinião do público pode influenciar os rumos da história?

Não trabalho guiando os personagens de acordo com a aceitação do público. O que me ajuda muito com as pesquisas de audiência é saber se o que pretendi fazer chegou ao telespectador. Se quero que eles gostem de um personagem e eles não gostam, quero saber onde errei. As pesquisas servem para me orientar com relação ao que já determinei. Escrevo novela com o final na minha cabeça.

Você costuma dizer que não cansa de escrever novelas. Quando começou na TV, em 1967, você trabalhava como ator. De onde surgiu essa paixão pela carreira de autor?

Assim que comecei a trabalhar como ator, na TV Excelsior, gostei muito do processo. Em vez de me preocupar com o meu personagem - eu era um péssimo ator - comecei a me interessar pelo script. E foi lendo os scripts da Ivani Ribeiro que comecei a ter noção de como poderia escrever uma novela. Devo ter aprendido direito porque a primeira novela que eu fiz foi em 1977, dez anos depois. Éramos Seis, na TV Tupi, já começou fazendo sucesso. Nós pegamos o horário com quatro pontos de audiência e entregamos com 25. Foi aí que recebi o convite para ir para a Globo, onde estou desde aquela época.

Passione - segunda a sábado, às 21h, na Globo.

Silvio de Abreu trata 'Passione' como se fosse uma filha
Silvio de Abreu trata 'Passione' como se fosse uma filha
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / TV Press
Fonte: TV Press
Compartilhar
Publicidade