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Para Eliane Giardini, personagens são terapia para vida real

14 abr 2012 - 10h46
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Geraldo Bessa

Segura e cheia de opinião, Eliane Giardini nunca se deixou amedrontar pelo tempo. E, ao completar três décadas de carreira na TV, ela se orgulha da maneira com que construiu sua trajetória. "Sempre segui minha intuição. Entre sucessos e fracassos, tive de aprender a correr atrás das coisas que queria fazer. O mais engraçado é que os convites e papéis mais interessantes surgiram junto com a maturidade", analisa a intérprete da passional Muricy, de Avenida Brasil, novela exibida diariamente, às 21h, pela TV Globo.

Na trama de João Emanuel Carneiro, Muricy é a exagerada mãe do jogador de futebol Tufão, interpretado por Murilo Benício, e vive às turras com o marido Leleco, papel de Marcos Caruso. "Esse núcleo é uma farra. Adoro histórias baseadas nas relações familiares."

Natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, Eliane tinha apenas 17 anos quando começou a estudar teatro na USP (Universidade de São Paulo). "Minha base é toda teatral. E a TV foi surgindo naturalmente. Era assim na época", afirma a atriz, que teve sua primeira experiência em novelas, em O Olho da Serpente, de 1982, exibida pela Bandeirantes.

Aos 59 anos e com mais de 30 trabalhos no currículo - que conta com personagens famosas, como a Yolanda, de Renascer, e a Nazira, em O Clone -, Eliane acredita que o melhor de estar nas telinhas é a ajuda terapêutica provocada pelas personagens em sua vida pessoal. "Cada trabalho evoca um lado diferente da minha personalidade. As personagens estão todas dentro de mim, basta instigá-las", brinca.

Confira a seguir cinco perguntas à atriz:

Atriz de 59 anos interpreta Muricy em 'Avenida Brasil', novela das 21h da TV Globo
Atriz de 59 anos interpreta Muricy em 'Avenida Brasil', novela das 21h da TV Globo
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / Divulgação

TV Press - Este ano você completa 30 anos de televisão. O que a leva a encarar novos papéis?

Eliane Giardini - Aceito um convite mais pelas pessoas que estão envolvidas no projeto do que pela personagem em si. Trabalhei praticamente a década passada inteira em apenas dois núcleos. Fiz minisséries com a Maria Adelaide Amaral e várias novelas com a Glória Perez. Depois de um tempo, o intérprete acaba confiando no autor e trabalhar se torna a mesma coisa que estar em casa. Topo fazer qualquer coisa que a Glória me propor. Afinal, meu papel de maior repercussão foi em uma novela dela.

TV Press - A Nazira, de O Clone, em 2001?

Eliane - Exatamente. Fiz muitas coisas interessantes ao longo da minha carreira e estou muito satisfeita com isso. Mas O Clone foi um trabalho especial. A Nazira inaugurou uma outra vertente para mim. Até então, por conta da minha origem teatral, eu fazia muito drama. A personagem até tinha seu lado mais denso no início, mas teve uma hora em que a Glória surtou e eu surtei junto. E aí desceu uma louca em mim e na personagem. Foi um dos momentos mais divertidos da minha carreira. Acompanhei algumas coisas da reprise da trama no Vale a Pena Ver de Novo e deu para ver na minha cara o prazer que era estar naquela novela.

TV Press - A Glória é a autora da próxima novela das 21h, com título provisório de Salve Jorge. Ressente-se de não poder participar de mais uma trama dela?

Eliane - Depois da Nazira, vai ser a primeira vez que não faço uma novela da Glória. É algo que aperta o coração, porque eu adoro as loucuras e viagens que ela reserva às minhas personagens. Mas o convite do João Emanuel surgiu em um bom momento. Acho que a Muricy, além de diversificar minha carreira, tem plenas condições de dar um outro rumo para minha interpretação. Ela está inserida no eixo principal da trama, mas também tem uma história própria.

TV Press - A Muricy e o marido vão se separar e a ela vai começar a sair com rapazes mais novos. Você buscou alguma inspiração para este momento da personagem?

Eliane - Nas grandes histórias de amor, pois são carregadas de desencontros. Eles se gostam muito, mas o Leleco (Marcos Caruso) começa a ter um caso com uma garota mais nova e eles se separam. Para não ficar por baixo, ela resolve arrumar um namorado bem mais novo também. Os dois ficam nessa crise, têm uma recaída e começam a trair os namorados. Essa situação promete cenas bem engraçadas.

TV Press - Sua personagem é ambiciosa e autoritária. Acha que ela pode se envolver com as maldades da Carminha (Adriana Esteves) e desenvolver um lado vilã?

Eliane - A Muricy se considera muito esperta. É aquele tipo de mãe louca que acha que sabe o que é melhor para o filho. E sai fazendo. A influência dela para o Tufão (Murilo Benício) terminar o noivado com a Monalisa (Heloísa Périssé) e ficar com a Carminha (Adriana Esteves) foi enorme. Mas acho que ela não chega a ser uma vilã, é apenas uma personagem politicamente incorreta. Totalmente dominada pela emoção, com zero de razão.

Fonte: TV Press
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