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Programas de auditório exploram pobreza em quadros na TV

18 ago 2013 - 08h24
(atualizado às 08h24)
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Explorar miséria e pobreza já virou hábito em vários programas de auditório. Desde reformas em casas e carros em péssimas condições a ajuda financeira para realizar diversos tipos de sonhos, muitas são as formas de assistencialismo utilizadas por produções que garantem se preocupar em transformar a vida de quem precisa.

<p>No quadro 'Hora da Virada', Rodrigo Faro ajuda telespectadores a resolverem problemas pessoais</p>
No quadro 'Hora da Virada', Rodrigo Faro ajuda telespectadores a resolverem problemas pessoais
Foto: Divulgação

O formato, no entanto, não é novidade. Sílvio Santos fez história ao abrir sua Porta da Esperança para diversos telespectadores que, desde a década de 1960, pediam instrumentos musicais, festas de aniversário e até casas e automóveis. Uns ganhavam, outros ficavam com a chance de voltar e, assim, buscar novamente um patrocinador que realizasse suas vontades.

Mas o fato é que, agora, com a economia do País em melhores condições e o aumento no acesso da população carente a determinados bens de consumo, foi-se o tempo em que uma geladeira ou televisão nova impressionava os mais humildes. Celso Portiolli, por exemplo, herdou de Gugu o Construindo um Sonho, no Domingo Legal, no SBT, onde reforma e constrói casas de acordo com as necessidades de quem é escolhido. Algo que Luciano Huck também faz com o Lar Doce Lar, no Caldeirão do Huck, da TV Globo. Em comum, os dois têm a escolha sempre de pessoas que, além de viverem em estado de pobreza, carregam uma história capaz de arrancar lágrimas de quem assiste.

Rodrigo Faro, escolhido para substituir Gugu depois que o apresentador deixou as tardes de domingo da TV Record, já começa a enveredar nesse segmento. No novo quadro Hora da Virada, que estreou no início do mês, o apresentador tenta resolver os problemas de algum sortudo. Como no episódio de estreia, em que garantiu R$ 26 mil para uma gari que há sete anos não via o marido e o filho, que moram no nordeste. Ela desejava quitar dívidas e ir morar com eles. Da quantia conseguida, R$ 6 mil saíram da produção. O resto veio através de doação.

Nesse contexto, pressupõe-se que, dependendo da história usada em cada programa, ganha-se mais dinheiro com o patrocínio mostrado durante esses quadros do que se gasta na tal "ajuda" oferecida. O mesmo acontece em quadros de reforma, em que diversas empresas chegam a pagar para anunciar, oferecendo móveis, roupas de cama e banho e até eletrodomésticos para as novas residências.

Talvez o que mais se aproxime do extinto Porta da Esperança seja o Programa da Tarde, da Record. Ana Hickmann, Ticiane Pinheiro e Britto Jr. realizam desejos que, muitas vezes, nem materiais são. Como o adolescente que buscava uma oportunidade de treinar futebol em um clube e foi aceito pelo Santos. Mas sempre recheados de dor, sofrimento ou emoção. Já conseguiu, por exemplo, um casamento para uma paciente com um tumor no cérebro e cadeira de rodas para deficiente.

Desse maneira, o quadro Uma Chamada de Esperança foge da sofisticação que os concorrentes tentam ostentar. E, ao contrário dos outros programas, o telespectador até sabe o que foi conquistado pelo participante, mas não vê a realização final. Uma prova de que a exibição do problema é comercialmente mais interessante do que sua solução.

Fonte: TV Press
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