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"Já pensei em largar a carreira de ator", afirma global

26 fev 2012 - 12h20
(atualizado às 12h27)
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GERALDO BESSA

Dan Stulbach tem orgulho de sua personalidade multimídia. Sempre ocupado com trabalhos na TV e nos palcos, o intérprete do Paulo de Fina Estampa ainda arranja tempo para debater atualidades no Saia Justa, do GNT, comandar o programa Fim de Expediente, na rádio CBN, e fazer a direção artística do Teatro Eva Herz, em São Paulo, sua cidade natal. "Minha agenda é uma loucura. Queria muito fazer essa novela, mas expliquei para a equipe o quanto os outros projetos são importantes. Acho ótimo me dividir e trabalhar em lugares diferentes", explica o ator de 42 anos.

A ligação de Dan com a atuação começou de forma amadora, ainda nas peças do Colégio Rio Branco, de São Paulo. Apaixonado pelos palcos, onde estreou profissionalmente aos 20 anos, ele demorou a se interessar pela televisão. "Não era preconceito, apenas não tinha ligação com o veículo", garante. Depois de pequenas participações em séries e novelas, o ator ficou conhecido nacionalmente em 2003, ao dar vida ao violento Marcos de Mulheres Apaixonadas. A partir daí, desenvolveu uma íntima e criteriosa relação com a TV, onde acumula papéis de destaque em novelas como Senhora do Destino, de 2004, e séries como Queridos Amigos, de 2008, e Som & Fúria, de 2009. "A maturidade me trouxe outra perspectiva sobre a atuação. Dizer não para um convite define mais minha carreira do que os trabalhos que aceitei fazer. Ter a rédea sobre o que quero e me estimula é importante", acredita.

Sua última novela foi Senhora do Destino, de 2004. Após sete anos, o que o motivou a voltar a trabalhar em produções de longa duração?

Ficar sem fazer novelas não foi algo pensado. Depois de Senhora do Destino, recusei convites para folhetins porque estava sempre envolvido com outros projetos dentro da Globo. Tanto que, logo depois da novela, eu engatei diversas séries, praticamente uma por ano. O que me motiva na televisão é a abrangência que ela proporciona. Quando surgiu o convite para fazer o Paulo, vi que o assunto que seria abordado dentro do núcleo dele poderia render boas discussões e personagens naturalistas. Gostei do convite e aceitei na hora.

P - O fato de Fina Estampa ser uma novela escrita pelo Aguinaldo Silva e dirigida pelo Wolf Maya, mesma dupla responsável por Senhora do Destino, pesou na hora de acertar seu retorno aos folhetins?

Com certeza. Tenho boas lembranças de Senhora do Destino, pois encaro essa novela como a consolidação da minha imagem na TV depois do "boom" de Mulheres Apaixonadas. O texto do Manoel Carlos não era minha estreia na TV, mas é como se tivesse sido. E a leveza com que o Aguinaldo conduziu a história do Edgard era a melhor saída para que as pessoas ligassem meu nome a outro personagem. Me dei muito bem com a equipe do Wolf e fiquei feliz deles terem lembrado de mim para fazer Fina Estampa.

A fixação pela maternidade acabou separando a Esther, de Julia Lemmertz, e o Paulo. A partir daí, seu personagem começou a se envolver com outras mulheres da trama. Esse lado galã estava previsto na sinopse?

Não tinha ideia de que ele iria se envolver com outras personagens. Quando recebi a sinopse, existiria apenas a relação com a Esther e a questão da gravidez, dele aceitar ou não. Gosto dessa coisa de novela, onde a gente vai desvendando o trabalho aos poucos. É uma espécie de dança, a gente vai atuando e o autor vai escrevendo.

Geralmente, seus personagens são construídos a partir do texto ou você embarca em processos de preparação?

Depende muito do tipo de trabalho. Claro que a base de tudo é o texto, mas faço trabalho de composição também. Às vezes, para dar conta daquele papel, é necessário estudar algo que você não conhece, um sotaque, uma história específica. O Paulo tem essa questão com a moda praia, com os tecidos, e tive de dar uma pesquisada nisso, saber como funciona essa indústria para falar com propriedade. Sobre a gravidez da Esther, antes de começar a novela, conversei com especialistas em fertilização. São conhecimentos que não fazem parte da caracterização do personagem. É só para dar uma sustentação.

O Paulo alterna momentos de simpatia e egoísmo. Você teve alguma dificuldade para interpretar as ambiguidades do papel?

Personagens naturalistas são os mais difíceis, pois é preciso evitar certos exageros na atuação. O Paulo é cheio de realidade. Um homem com qualidades e defeitos, dividido entre o bem e o mal. Assim como qualquer pessoa, em alguns momentos ele está supercalmo e racional, em outros, tem seus ataques. Existe uma sequência lógica, como se fosse na vida. Essa alternância dele me preocupou bastante, pois é o tipo de personagem que exige uma interpretação mais madura. Mesmo sendo autocrítico demais, ando satisfeito com minhas cenas.

Depois de 14 trabalhos na TV, você ainda sofre ao se assistir?

Não assisto muito o que faço. Só de vez em quando. Mesmo assim, gravo os capítulos de Fina Estampa. Quando vou ver, é um tormento. Como sou muito obstinado, é um sofrimento objetivo. Tento ser bem prático dentro do meu constrangimento quando não gosto da minha atuação. Consigo ver onde é que preciso melhorar para as próximas cenas.

Além da novela, você segue no comando do Fim de Expediente, programa da rádio CBN, e ainda participa do Saia Justa, do GNT. Como você faz para conciliar as gravações da novela e esses os outros projetos?

A produção da novela tem sido muito legal. Quando aceitei fazer o Paulo, pedi a eles que me liberassem para o rádio, pois não queria ficar sem fazer o programa. O programa é feito às sextas e até agora não tive problemas com liberação. Já o Saia Justa é um acordo do GNT com a Globo. A novela me libera algumas segundas para gravar o programa em São Paulo. Minha vida é uma correria. São dois projetos especiais para mim. Não é só chegar e gravar. É preciso decidir as pautas, pesquisar, ensaiar. Mas até agora, estou conseguindo dar conta desses compromissos.

Já pensou em largar a atuação para focar em sua porção apresentador?

Já pensei em largar a carreira de ator. Principalmente, quando era mais novo. Tem muita gente que vive me dizendo que eu deveria investir mais no meu lado apresentador por causa dessa história do rádio e também do GNT. Enquanto tiver sentido interpretar, vou encarar. Gosto muito de ser ator. Sempre fui apaixonado por teatro e os palcos viraram minha vida do avesso. Ao mesmo tempo, Gosto de estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Ser uma espécie de caleidoscópio. Acabo encontrando e trabalhando com pessoas diferentes. Isso me ajuda a não ficar acomodado.

Desde Mulheres Apaixonadas, de 2003, você está cada vez mais presente na TV. O que o veículo representa para você?

Para mim, a TV representa a possibilidade de mexer com o público. Na novela, estou escondido atrás de um personagem, mas no Saia Justa, sou eu dando a cara a tapa. O teatro é feito para muitos, mas ao mesmo tempo é de pouco alcance. Muita gente no teatro é um público de mil pessoas. Na televisão, a repercussão é infinitamente maior, pois ela representa um país inteiro. Fazer TV faz parte da minha escolha em ser ator, de querer falar com as pessoas e estabelecer uma relação com o público.

Este ano você completa 23 anos de carreira. Em qual momento você sentiu que estava na profissão certa?

Alguns trabalhos me confirmaram que estava no caminho certo. Mas acho que a peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz foi fundamental para meu crescimento profissional. Foi onde tive a sensação de que poderia dizer coisas do meu jeito, misturar minha história e minha identidade com o meu trabalho, e compartilhar isso com as pessoas. Foi um sucesso surpreendente na minha vida, virou um filme onde contracenei com o Tony Ramos e me levou para a televisão. Tudo de relevante que me aconteceu como ator veio depois desse trabalho.

Aventura exterior

Ao pensar sobre a importância do teatro para sua formação, Dan Stulbach logo lembra da primeira vez que foi aos Estados Unidos, aos 18 anos. O propósito de estudar Inglês escondia o real objetivo do ator: conhecer Nova Iorque e assistir o maior número de espetáculos teatrais possíveis. Para garantir a aventura pelo país, Dan trabalhou por alguns meses como bilheteiro em um cinema de San Diego, na Califórnia. Até juntar dinheiro suficiente para garantir a diversão pelas ruas da Broadway. "Fiquei deslumbrado com a vida. Quando consegui chegar em Nova Iorque, acho que assisti 14 peças em 12 dias. Acabavam os espetáculos e eu tentava falar com os atores. Conheci Al Pacino, John Malkovich, entre outros", conta.

Até hoje, regularmente, Dan volta à cidade para assistir novas peças e fazer cursos. Em uma dessas idas, muito antes de se tornar conhecido no Brasil, o ator fez um curso de televisão e acabou arranjando um emprego por lá. No entanto, a carreira que estava construindo no Brasil falou mais alto. "Não queria viver essa experiência em outro país. Se eu começasse, talvez não voltasse para o Brasil. Eu queria era fazer TV, teatro e cinema aqui. Para as pessoas que falam minha língua, que eu conheço, onde tudo faz mais sentido", derrama-se.

Na frequência
A experiência de Dan Stulbach com o rádio surgiu da vontade de fazer algo despretensioso ao lado dos amigos José Godoy, Rodrigo de Moares e Luiz Medina. No ar pela rádio CBN desde 2006, o Fim de Expediente consolidou-se no "dial" e já recebeu convites para ser adaptado para a TV. "Fiquei com o pé atrás de levar o programa para o vídeo. O rádio foge da ilusão da TV. Não preciso me maquiar para apresentar. É onde a opinião é mais importante que a imagem", filosofa. Mesmo receoso com a ida do programa para a televisão, Dan já começa a pensar nesta possibilidade com outros olhos. "Ir para a televisão é uma consequência da repercussão do programa no rádio. A única exigência seria manter a liberdade no formato", avisa.

Trajetória Televisiva
O Amor Está no Ar (Globo, 1997) - Horácio.

Os Maias (Globo, 2001) - Craft.

Esperança (Globo, 2002) - André.

Mulheres Apaixonadas (Globo, 2003) - Marcos.

Papo de Anjo (Globo, 2003) - Anjo Gabriel.

Senhora do Destino (Globo, 2004) - Edgard.

JK (Globo, 2006) - Zinque.

Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (Globo, 2007) - Leandro.

Queridos Amigos (Globo, 2008) - Léo.

Som & Fúria (Globo, 2009) - Ricardo.

Norma (Globo, 2009) - Fernando.

Afinal, o Que Querem as Mulheres? (Globo, 2010) - Jonas.

Fina Estampa (Globo, 2011) - Paulo.

Dan Stulbach fala sobre sua carreira
Dan Stulbach fala sobre sua carreira
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: TV Press
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