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"Aprendi muito com tudo que aconteceu", diz Rafinha Bastos

1 mar 2014 - 10h27
(atualizado em 6/3/2014 às 10h55)
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<p class="Ttulo18">Acostumado com perguntas ácidas e piadas provocativas, Rafinha Bastos estreia à frente do <em>Agora É Tarde</em><o:p></o:p></p>
Acostumado com perguntas ácidas e piadas provocativas, Rafinha Bastos estreia à frente do Agora É Tarde
Foto: Luiza Dantas / Carta Z Notícias

Aos 37 anos, Rafinha Bastos parece estar acostumado com os altos e baixos de sua carreira. Importante ícone do CQC, o humorista se viu afastado do programa em 2011, quando uma piada repercutiu de forma negativa. A partir daí, sua volta para a tevê aberta foi lenta e gradual. Após participar do jornalístico A Liga, também na Band, e arriscar um voo na Rede TV! para apresentar o Saturday Night Live, ele está às vésperas de estrear um programa só dele na emissora que o revelou. Com a ida de Danilo Gentili para o SBT, Rafinha assume o comando do Agora É Tarde a partir de quarta-feira, dia 5 de março. "O programa já tinha identidade, uma estrutura básica, e a gente não quis mudar muita coisa. O que vai acontecer é uma adaptação para ficar com a minha cara", revela. A vontade de imprimir sua marca pessoal no talk show, que será exibido de terça a sexta, esbarra no jeito polêmico e sem papas na língua do humorista, que jura estar mais polido. "Aprendi muito com tudo que aconteceu. Além disso, o objetivo do programa vai ser o entretenimento e não ficar cutucando os convidados", garante.

Natural de Porto Alegre e formado em Jornalismo pela PUC do Rio Grande do Sul, Rafinha teve o início de sua carreira marcado por seus shows de stand up comedy. O A Arte do Insulto, inclusive, foi o que despertou o interesse da produtora argentina Cuatro Cabezas, responsável por formatos como o CQC e Agora É Tarde. "Já tinha feito algumas coisas na tevê, mas foi o CQC e, posteriormente, A Liga que me fizeram ter certeza que a tevê era o caminho que eu deveria seguir", afirma. No entanto, seus negócios não ficam restritos à tevê. O humorista, em parceria com Danilo Gentili, é dono do Comedians, um bar em São Paulo que realiza shows de comédia, e faz vídeos de entrevistas e humor para seu canal na internet. "Continuo tendo liberdade para me apresentar e fazer meus vídeos. Estou começando a pensar em roteiros para cinema. Mesmo com toda a correria do programa, estou bem ativo", comemora.

Como é assumir um programa que foi criado e consolidado por outro apresentador?

Normal. O CQC não foi criado para mim, A Liga também não. As coisas são cíclicas na tevê e é preciso ter isso em mente. Talvez seja complicado em um primeiro momento porque é a primeira mudança. Se eu não apresentar os resultados que a Band quer, daqui a pouco, pode ser que não seja eu à frente do Agora É Tarde. O programa não é meu, é da emissora. O que estou tentando fazer é conservar a estrutura básica, que já é conhecida e foi aceita pelo público, e fazer algumas mudanças para imprimir a minha marca, para deixar a minha pegada.

E como você pretende fazer isso?

Ainda não ficou nada 100% definido. Continuamos fazendo testes. A ideia é que o programa se adapte ao convidado. Então, cada dia vai ter uma cara diferente. Mas eu quero que tenha entrevistas, claro, humor, improviso, quadros, jogos e brincadeiras. O elenco foi escolhido pensando nesses elementos que queríamos combinar nessa nova temporada do programa.

Como foi o processo de escolha do elenco? 

Costumo dizer que não foi uma escolha, foi um resgate. O Gustavo Mendes veio do Zorra Total, o Marco Gonçalves veio do Saturday Night Live. Nós salvamos essas almas (risos)... Agora, falando sério, eu conheço o Marco há muito tempo, ele tem uma coisa muito forte de improviso e gosto disso. Além disso, nos conectamos muito bem em cena. O Gustavo Mendes já é o oposto do Marco. Se ele vem de cara limpa, o Gustavo acrescenta com personagens. Tem a Dilma, que já é muito conhecida. Mas estamos pensando em vários outros personagens, até porque não poderemos usar a presidente por muito tempo, por causa das eleições. E o André Abujamra é um cara que eu admiro muito. Ele faz muita trilha sonora de teatro, cinema... Então, ele vai criar muita coisa para o programa, não vai ficar só com a banda tocando cover. E, como ele também é ator, vai dar uns pitacos nas conversas. O Marcelo Mansfield continua no programa, ocupando a mesma função.

É um elenco exclusivamente masculino. Isso foi uma opção sua?

De forma nenhuma. Apesar de não ser ligado ao gênero, tenho muita vontade de ter uma menina no casting do programa. Aliás, fizemos testes com diversas. Mas ainda não encontramos a mulher ideal para completar esse time. Se parar para pensar, existem muito mais humoristas homens e atores de comédia do que mulheres ocupando essas funções. As melhores já estão contratadas, como por exemplo a Dani Calabresa e a Mônica Iozzi. Mas ainda não desisti dessa ideia. Vou continuar correndo atrás disso.

Tanto no CQC quanto em A Liga, você cobria pautas que eram determinadas pelas produções dos programas. No Agora É Tarde qual vai ser seu envolvimento com a produção? 

Estou envolvido do começo ao fim. Desde a escolha do elenco até o roteiro final. Um talk show precisa ter a presença efetiva do apresentador tanto na frente quando por trás das câmaras. Eu tenho abertura total, carta branca mesmo, para me envolver em todos os processos do programa. E, pela primeira vez, me sinto seguro para delegar funções.

Como assim?

Tenho a tendência de ser muito centralizador. E agora eu me sinto à vontade para delegar funções, para deixar detalhes nas mãos dos outros. Amadureci muito nesse processo de não querer e não precisar estar sempre no centro para garantir que as coisas fluam bem. E devo muito disso à produtora Cuatro Cabezas. Confio muito no trabalho deles, até porque foram eles que me lançaram na tevê aberta.

Apesar de ter uma carreira bem variada na tevê e fora dela, você ainda não tinha feito o formato de talk show, com entrevistas, convidados sentados... Faltaram convites?

Pouca gente sabe, mas quando saí da Band, a Fox (canal a cabo) queria me dar um talk show. Ofereceram um programa para eu comandar, com um formato gringo. Mas senti que não era o momento. Queria fazer outras coisas, pensar em projetos novos, me reinventar. A saída da Band foi muito conturbada para mim. Passei pelo meio do olho do furacão. Era polêmica e mentira para tudo que é lado. E sempre tive a ideia que na hora que eu fizesse um programa desse tipo, um late night, seria algo que ia durar muito tempo.

E o que fez você mudar de ideia de lá para cá? 

Participar de A Liga abriu minha cabeça e me deu vontade de fazer coisas diferentes. Além disso, depois de tudo que vivi ali, senti que tinha conquistado a confiança da emissora, uma liberdade para falar o que eu penso, da maneira que eu quero. Uma confiança construída a duras penas, é preciso dizer. A Liga foi uma reaproximação minha com o canal e fui sem grandes pretensões. É um projeto que você entrega sua vida, são jornadas de 24, 48 horas. Mudou minha visão de mundo e me deu suporte para falar o que eu quero hoje, mas com mais maturidade.

Isso quer dizer que você vai deixar de lado seu humor ácido? Ou que, pelo menos, está tentando se policiar?

É muito relativo, não tem como eu afirmar agora. Tenho minha maneira de trabalhar e acredito que isso não acaba de um dia para o outro. Mas é inegável que aprendi com tudo que aconteceu. Rolou uma adaptação minha, mas, se estou me controlando ou se está acontecendo naturalmente, não sei dizer. Entendi que a polêmica não está necessariamente no que o comediante cria e sim na repercussão do que ele fala. Então, sobre mudar ou não mudar, eu nasci assim: judeu, feio e narigudo (risos). Agora, algumas adaptações acontecem para um progresso diário na tevê aberta. Tenho parceiros que estão me ajudando a achar o conteúdo perfeito para o Agora É Tarde. Não tenho essa medida, do que é leve para uns e pesado para outros. Todo comediante vive nessa fronteira.

Houve algum tipo de conversa com a Band para evitar polêmicas e processos?

Vou confessar que essa foi uma conversa que a gente nem teve. O objetivo, diferente das reportagens e entrevistas que fazia no CQC, não é alfinetar, cutucar, é entreter. Tanto o entrevistado quanto o telespectador. Uma coisa que me ajuda muito é que o programa é gravado (risos). Então, se extrapolar em alguma piada ou brincadeira – o que é bem capaz de acontecer –, o pessoal da edição pode cortar antes que dê problema (risos).

Você se arrependeu de alguma piada que já fez?

Não gostaria que nenhuma das piadas que eu fiz tivesse gerado tanta polêmica. Na hora, sai. Não fico pensando: peguei pesado, agora vou ter problema. A piada que fiz no CQC e que causou todo aquele problema, era uma piada de repetição. Fizemos um VT interno com todas as vezes que eu disse comeria em um ano e meio de programa. Mas foi para a pessoa errada, na época errada... Eu dei minha cara para bater muitas vezes. E, quando entendi que extrapolei, pedi desculpas publicamente. Mas me arrepender é complicado. Se eu tivesse me arrependido, acabava com a minha carreira. Não só com a minha, abriria um precedente terrível para todos os meus colegas.

Foco na estrutura

Quando recebeu o convite para assumir a nova temporada do Agora É Tarde, Rafinha Bastos estranhou com a quantidade de críticas que ouvia sobre o tratamento da emissora com o produto. Principalmente vindas do ex-apresentador do programa, Danilo Gentili. "Não senti nenhuma restrição. Tenho um número suficiente de roteiristas, de equipe de bastidor... Se essa realmente foi a experiência dele, não tenho conhecimento. Mas, para mim, está tudo bem", garante. No final do ano passado, a Band também ameaçou tirar um dia do talk show, que passaria a ser exibido somente às terças, quartas e quintas. O humorista também desconhece a diminuição de seu novo produto. "Continuamos de terça a sexta. E ainda converso com a direção a possibilidade de exibição na segunda também", adianta.

Para ele, é fundamental a quantidade de infraestrutura e até mesmo o montante financeiro que uma emissora dispõe para suas produções. "Já trabalhei na RedeTV!. Sei o que é uma diferença de estrutura", brinca. Em 2010, Rafinha foi fazer parte do elenco do Saturday Night Live, exibido pela emissora em parceria com a Endemol. "A RedeTV! nunca foi um projeto que eu queria para a vida. Mas foi a oportunidade que encontrei de me associar a um produto legal", lembra. Além de escolher o elenco e encabeçar o late night, o humorista teve carta branca para formar o casting. A baixa expressividade da audiência, no entanto, fez o programa não chegar a uma segunda temporada. "Dava dois pontos de média. Isso é um sucesso para a emissora e para o horário. Mas eles queriam algo que tapasse o buraco deixado pelo 'Pânico'. Foi inocência minha achar que estava suficiente", lamenta.

Detalhes estreantes

A pressão de estrear à frente de um programa já consolidado na grade da Band não assusta Rafinha Bastos. Por isso, o humorista garante que não quer estabelecer metas para a audiência. Pelo menos, por enquanto. "Sem dúvida, os pontos são importantes. Mas, em um primeiro momento, a prioridade é fazer um produto de qualidade", garante. Sem entregar os primeiros entrevistados do Agora É Tarde, ele confirma dois nomes que devem ser gravados durante o Carnaval: Luan Santana e Lobão. "Dois perfis bem diferentes, que toparam de cara e podem fazer um programa bem legal", torce. Já quanto à estreia, antecipada do dia 11 de março – um dia depois da estreia do The Noite, de Danilo Gentili, no SBT – para o dia 5, Rafinha desconversa. "Por mim, tinha estreado em janeiro. Fiquei animado com a ideia e queria por em prática logo", afirma.

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Fonte: TV Press
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