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Raul Gil se mantém no ar com velhos calouros e muita emoção

29 jun 2009 - 15h21
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A ideia do novo é um bocado duvidosa. A nova novela não costuma ser realmente nova, mas apenas a mais recente. E o novo programa de variedades ou de entrevistas costumeiramente é tão igual quanto uma porção de outros que já apareceram e sumiram da tela, agora de LCD. O mesmo acontece com o programa de auditório, que muda quadros e cenários, mas se mantém muito parecido com suas primeiras experiências ainda na Era de Ouro do rádio. Caso do Programa Raul Gil, que a Band apresenta aos sábados.

Raul poderia ser considerado um fóssil vivo na programação, mas é só dar uma olhadinha em volta e perceber que ele não está sozinho. Silvio Santos está desde os anos 60 fazendo o mesmo programa. Hebe, há 23. Gugu, com Domingo Legal, há 15. Faustão e seu Domingão, há 20 anos. E não é só na linha de shows. Desde 1969, o Jornal Nacional está no ar, num tempo em que os apresentadores ainda usavam gravatas estampadas e costeletas gigantes. O Zorra Total, em sua combinação de esquetes de diversos humoristas, bem que tenta inovar, mas se mantém preso a uma estrutura de bordões e situações é muitíssimo mais antiga que a própria televisão.

Essa permanência de modelos de programação pode ser entendida como uma falta de renovação e até mesmo como uma característica básica da tevê, que seria um meio de comunicação conservador por natureza. O novo, entretanto, talvez não seja tão comum quanto os comerciais tentem fazer parecer que seja.

Raul Gil, por exemplo, comanda há décadas seu musical. E certamente não é o novo - ou sequer novidades - que lhe permite tamanha sobrevida. Numa emissora secundária, ele consegue trabalhar com artistas e gravadoras que não têm muito acesso aos principais canais de tevê. Desde inúmeros grupos nordestinos e de outros rincões do Brasil, até grandes artistas. A participação de Cauby Peixoto, há poucas semanas, em seu programa foi antológica. Sem forças para ficar de pé, o outrora "Elvis Presley brasileiro" fez uma apresentação limítrofe e emocionante.

A ausência de pressão para se manter na liderança da audiência pode ter benefícios, e Raul Gil sabe explorá-los. Seu programa permite a mistura de artistas variadíssimos, como novos calouros em busca do estrelado ao lado de grupos tão consagrados quanto Paralamas do Sucesso, Fundo de Quintal e Capital Inicial. E outros grandes artistas que raramente aparecem nas emissores-líderes, como o talentoso Genival Lacerda. Com seu vozeirão característico, os cabelos profundamente negros - por vezes acaju - e o indefectível microfone dourado, Raul Gil permanece no ar como um contraponto à idéia do novo. E lida com afetos que desconhecem tempo, gêneros e classes sociais.

Raul Gil comanda há décadas seu musical
Raul Gil comanda há décadas seu musical
Foto: Rede Record / Divulgação
Fonte: TV Press
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