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'Saramandaia' mantém personagens exóticos, mas ganha novos conflitos

1 jul 2013 - 14h32
(atualizado às 14h32)
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No remake de Ricardo Linhares, 'Saramandaia' traz Zico Rosado e Vitória Vilar (foto) como casal protagonista, ao invés de Marcina e João Gibão
No remake de Ricardo Linhares, 'Saramandaia' traz Zico Rosado e Vitória Vilar (foto) como casal protagonista, ao invés de Marcina e João Gibão
Foto: TV Globo / Divulgação

A nova versão de Saramandaia – que estreou na última segunda-feira (24) – trouxe de volta à tevê o tão aclamado realismo fantástico de Dias Gomes. Adaptado por Ricardo Linhares, o remake, passado em uma cidade fictícia no interior do nordeste, ganha contornos atuais. Desde novos conflitos ideológicos até o uso de tecnologias que não existiam na época da primeira versão. Prova disso é que, já no primeiro capítulo, a contemporaneidade da produção foi ressaltada pela direção de Denise Saraceni, com direito a longas sequências focadas em aparelhos eletrônicos e até uma vídeo conferência.

Entretanto, o maior acerto do folhetim em relação à sincronia com os tempos atuais foi mera obra do acaso. Em meio a onda de protestos contra a corrupção que assola as principais capitais do Brasil, o folhetim teve início justamente com uma manifestação. Na trama, parte dos cidadãos de Bole-Bole querem mudar o nome da cidade para Saramandaia e assim apagar de vez da história local as marcas da corrupção deixadas pelo ex-prefeito Zico Rosado, de José Mayer.

As diferenças entre o folhetim original e sua adaptação não param por aí. Dessa vez, Linhares decidiu apostar no ex-prefeito Zico Rosado e na empresária Vitória Vilar, de Lilia Cabral, como o casal protagonista em vez de Marcina e João Gibão, interpretados, respectivamente, por Chandelly Braz e Sérgio Guizé, como foi visto no passado. Os dois repetem a conhecida tragédia shakespeariana de Romeu e Julieta. Oriundos de famílias rivais, eles nutrem secretamente uma paixão proibida. Motivo pelo qual a personagem de Lilia retorna à cidade após 30 anos afastada. Embora o casal de atores demonstre um grande entrosamento na frente das câmaras, a escolha do autor foi ousada. E mesmo a mudança de foco não comprometendo o surrealismo da produção como um todo, de certa forma, tirou um pouco da força que os seres exóticos tinham na história.

As primeiras cenas da trama deixaram visível o alto nível de comprometimento da equipe, que parece ter sido possível, em grande parte, por uma presença em peso de atores renomados no folhetim. Personagens como Dona Redonda, de Vera Holtz, que explode de tanto comer; Aristóbulo Camargo, de Gabriel Braga Nunes, que se transforma em lobisomem; e Cazuza, de Marcos Palmeira, que coloca o coração pela boca quando exaltado, foram interpretados com naturalidade sem esquecer do toque de humor essencial às caricaturas. Os veteranos Fernanda Montenegro e Tarcísio Meira chamaram atenção na pele de Candinha Rosado e Tibério Vilar. Ela enxergando galinhas onde existe apenas o vazio, e ele ao, literalmente, criar raízes de tanto ficar sentado no mesmo lugar, em casa.

A caracterização definitivamente se destaca no aspecto técnico da produção. Figurinos que vão do colorido ao sombrio, assim como a maquiagem, dão aos personagens fantasiosos um ar de realismo. Enquanto os efeitos especiais são usados na medida certa, apenas para complementar os atributos exóticos de cada ser.

Mesmo estreando com a menor audiência de todos os remakes produzidos pela Globo para o horário das 23h, com uma média de 27 pontos, Saramandaia está apenas começando. E julgando tanto por sua trama cativante quando pela produção técnica primorosa, a adaptação promete agradar o grande público. 

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Fonte: TV Press
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