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Tá no Ar diverte ao criticar Globo e mostrar Adnet original

11 abr 2014 - 11h49
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O elenco de 'Tá no Ar', programa que estreou na noite da última quinta-feira (10)
O elenco de 'Tá no Ar', programa que estreou na noite da última quinta-feira (10)
Foto: TV Globo / Divulgação

Depois de alguns desencontros, finalmente Marcelo Adnet reencontrou Marcelo Adnet. A estreia de Tá no Ar: A TV na TV, na noite da última quinta-feira (10), mostrou o humorista em sua melhor forma. Aquela que o tornou famoso na MTV e se perdeu em projetos inadequados na Globo. Em um dos quadros, ele encarnou uma espécie de crítico de TV com aparência de guerrilheiro cubano e sotaque nordestino.

Assumidamente anti-Globo, o personagem divertiu ao fazer uma autocrítica da emissora. "A Rede Globo que tudo proíbe", afirmou, citando em seguida as "co-irmãs SBT e RedeTV!". Mas foi 'censurado' antes de falar de outros canais. Seria ingenuidade esperar que ele mencionasse a arqui-inimiga Record? Sim, seria.

O programa flui bem com a proposta visual de reproduzir o zapping, o hábito de trocar de canal a todo momento. O elenco de onze atores, entre eles Marcius Melhem e Danton Mello, fez paródias dos principais formatos da TV aberta: o programa de culinária que mostra a receita sendo feita num passe de mágica, a atração policial de forte apelo sensacionalista (com uma crítica nada sutil ao 'pessoal dos Direitos Humanos'), o telejornal com opinião chapa-branca.

Criança Esperança virou Fiança Esperança, com arrecadação de dinheiro para libertar deputado e ex-ministro. O seriado Dr. House inspirou o Doutor SUS, com os pacientes sendo invariavelmente diagnosticados com virose, em uma crítica bem-humorada ao descaso do atendimento nos hospitais.

O Tá no Ar faz um favor à televisão ao recusar o politicamente correto. Um dos melhores momentos foi o musical Galinha Preta Pintadinha, sátira usando a famosa personagem infantil para falar de despacho. Uma evangélica comemorou: "ainda bem que só brincaram com macumbeiros e deixaram meu Jesus em paz". Religião também foi o tema de um clipe no qual Adnet encarnou uma versão rapper de Jesus Cristo, com os apóstolos mostrados como "manos".

Comerciais inconfundíveis foram parodiados. O bife Friboi do cantor Roberto Carlos virou Fribofe. A presidente Dilma e o apresentador Silvio Santos ganharam rápidas imitações no programa. Num esquete-relâmpago, um apresentador popularesco cercado por moças rebolativas pergunta: "a audiência tá subindo? Entra mais bunda".

No final, durante a passagem dos créditos, Adnet foi alvo de outra piada interna. Uma atriz interpretando uma anônima disse que o Marcelo Adnet era bem mais divertido na MTV do que na Globo. É saudável quando um humorista ri dos próprios percalços. Não se levar tão a sério — ou pelo menos fingi-lo — parece ser ingrediente essencial da fórmula do sucesso.

Previamente comparado ao saudoso TV Pirata e visto como alternativa de qualidade às bizarrices do Zorra Total, o programa tem um pouco de tudo o que já foi feito em humor na televisão. Não apresenta um formato revolucionário, nem precisaria fazê-lo.

Tá no Ar entrega o que promete: deboche com inteligência, autocrítica sem o compromisso de mudar coisa alguma. É para ver, rir e nada mais. A escolha da música de abertura, Televisão dos Titãs, já é uma brincadeira com a proposta do programa: "a televisão me deixou burro / muito burro demais / Oi! Oi! Oi!".

Fonte: Especial para Terra
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