PUBLICIDADE

TV aberta reduz programação de desenhos e perde público infantil

18 mai 2013 - 08h37
(atualizado às 08h38)
Compartilhar
Exibir comentários
Crianças migraram para a TV paga
Crianças migraram para a TV paga
Foto: Afonso Carlos/ Carta Z Notícias / TV Press

Sustentando um argumento de já não ser mais possível manter a veiculação de desenhos animados no ar durante a semana, grande parte das emissoras está passando por um período de transição. A programação, em geral, está focada no público adulto e praticamente abriu mão do infantil. "É uma tendência mundial levar o infantil para a TV a cabo", defende Carlos Henrique Schroder, diretor geral da Globo.

O TV Globinho, que no último mês manteve média de seis pontos de audiência nas manhãs de sábado, é o mais recente exemplo da atual postura da emissora. No ar há mais de uma década, em meados do ano passado a produção deu lugar ao Encontro com Fátima Bernardes e ficou restrita a apenas um dia de exibição semanal. "Durante quatro anos, a gente conversou sobre esse projeto. Eu diria que foi uma decisão muito consciente", ressalta Schroder, ao defender a troca da programação.  

Apesar de a maioria das emissoras estarem gradativamente aderindo ao novo formato, a medida divide opiniões. Ao contrário da Globo, por exemplo, o SBT tem nas crianças seu principal público-alvo. A emissora de Sílvio Santos investe cada vez mais em desenhos animados. "O público infantil é uma prioridade para o SBT. A emissora tem apostado em novos formatos, além de manter o Bom Dia & Cia e o Sábado Animado", defende Glen Valent, diretor comercial do canal. Outra emissora que vai na "contramão" da atual tendência e se mantém como opção de conteúdo, talvez por ser estatal, é a TV Brasil. "É missão e dever da TV pública ter a opção infantil saudável no canal aberto. Essa é uma maneira de contemplar aqueles que ainda não migraram para a tevê paga", explica Rogério Brandão, diretor de Produção da TV Brasil. Além do SBT e da TV Brasil, a Band também é uma possibilidade de escolha para o público infantojuvenil na tevê aberta. A emissora mantém no ar o Band Kids, série de desenhos animados exibida de segunda a sexta no horário matutino. Já a Record conta apenas com o Pica-pau em sua grade, enquanto a Rede TV! não possui nenhuma programação destinada às crianças. 

De olho nessa significativa fatia do mercado, as TV's por assinatura oferecem cada vez mais opções de canais infantis. Nomeada por alguns como "veículo de massa qualificada", a TV paga disponibiliza diversos canais totalmente pensados e voltados para o público infantil. "Essa migração acontece em diversos países. Como somos um canal de TV paga, queremos conquistar esse público, que é bastante relevante", define Paulo Marinho, diretor do Gloob, canal da Globo destinado exclusivamente às crianças na TV por assinatura. Devido à escassez de desenhos animados nos canais abertos, a variedade disponibilizada pelos canais pagos tornou-se forte atrativo para os responsáveis.  "Hoje a TV por assinatura é uma das primeiras opções de entretenimento familiar. E o Discovery Kids mostra que é possível tornar esse momento de diversão uma experiência enriquecedora", aponta Flávio Medeiros, diretor de programação do canal.

Além disso, os canais que exibem publicidade direcionada ao público infantil, sejam da TV paga ou aberta, se deparam com outro desafio: "peneirar" a quantidade de propagandas e o tom por elas utilizado. Embora o CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – já atue nesse sentido, existe um projeto de lei, do deputado estadual Rui Falcão, que defende restrições às propagandas. Ele defende que, devido aos apelos publicitários, as crianças estão se tornando extremamente consumistas. Todos os canais nessa reportagem citados afirmam já se preocupar com isso e agir em conformidade com as regras estabelecidas pelo CONAR. "É uma discussão pertinente. Apesar de a TV Brasil não exibir comerciais. Acho mais saudável formar pequenos cidadãos do que pequenos consumidores", avalia Rogério Brandão.   

De olho no Brasil

Conteúdo de qualidade, quantidade de desenhos, veiculação de novos conhecimentos e valores da família provavelmente são alguns dos pontos observados pelos responsáveis ao assinarem canais infantis. Contudo, a preocupação das emissoras não se limita a oferecer apenas bons conceitos e diversidade de programação. De acordo com a Lei 12. 485, ficou definido que canais fechados terão de disponibilizar no mínimo três horas e meia semanais para obras audiovisuais brasileiras. A cota visa valorizar as produções nacionais e promover a disseminação da cultura do país. "Acreditamos que a medida é muito importante para permitir a descoberta de novos talentos e incentivar o mercado brasileiro", pontua Jimmy Leroy, vice-presidente de Criação da Nickelodeon Latin America. 

Apesar de hoje, a única obra nacional exibida pelo canal ser Julie e Os Fantasmas, Jimmy afirma ter uma série de novos projetos em aprovação. Dentre outros canais, o Discovery Kids também veicula desenhos brasileiros. Entre eles, Peixonauta, Palavra Cantada e Meu AmigãoZão, que estão na grade da emissora diariamente.   

Instantâneas

# Atualmente, existem nove canais voltados totalmente para o público infantil.

# A Disney possui três canais infantis: Disney Junior (pré-escolar / 2 a 7 anos), Disney XD (6 a 14 anos) e Disney Channel (geral).

# De acordo com as emissoras, a seleção e veiculação dos desenhos é feita com base em pesquisas e monitoramento da audiência.

# O Cartoon Network Brasil, que é um canal de TV pago brasileiro, está no ar há duas décadas.

Fonte: TV Press
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade