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'Xingu' sai dos cinemas e vira microssérie para a TV

15 dez 2012 - 09h31
(atualizado às 09h35)
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A linha que diferencia as produções cinematográficas das televisivas está cada vez mais tênue no Brasil. Essa integração de duas mídias com linguagem e público tão distintos começou a ser formada há 12 anos, quando o diretor Guel Arraes adaptou a microssérie O Auto da Compadecida para ser exibida nos cinemas com formato de longa metragem. Hoje, no contrafluxo, esse modelo volta a ser trabalhado através de Xingu, de Cao Hamburger. O filme, que conta a história dos irmãos Villas-Bôas, foi reeditado e será exibido em quatro capítulos, a partir do dia 25 de dezembro, na programação de fim de ano da Globo. "Xingu conta a história de talvez os maiores heróis brasileiros, mas que são anônimos. Então, disponibilizar isso para o povo brasileiro na televisão é importante", acredita Guel Arraes.

No próximo dia 25 de dezembro, a TV Globo mostra em quatro capítulos o longa 'Xingu'
No próximo dia 25 de dezembro, a TV Globo mostra em quatro capítulos o longa 'Xingu'
Foto: Luiza Dantas/Jorge Rodrigues/Carta Z Notícia / TV Press

Na trama, Claudio, Orlando e Leonardo Villas-Bôas, interpretados, respectivamente, por João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat, decidem se aventurar e desbravar o Centro-Oeste brasileiro. Foram em uma expedição criada em 1944 por Getúlio Vargas para facilitar o processo de interiorização do país. Provenientes de uma família de classe média paulistana, os três irmãos têm de se passar por analfabetos para serem aceitos no projeto, já que o governo tinha como objetivo recrutar apenas "caipiras". "Fazer esse filme foi quase como revisitar o mito dos irmãos Villas-Bôas nas aldeias indígenas através do cinema", explica o ator João Miguel.

 
Mas ao se depararem com incríveis cenários de natureza virgem e encontrarem civilizações indígenas desconhecidas, os Villas-Bôas acabam se apaixonando por esse universo natural tão diferente do que eles estavam acostumados. Depois de fazerem contato com uma das tribos indígenas da região, passam a viver entre os nativos. Aprendem a cultura dos índios e ensinam português a eles. E acabam se dando conta das consequências que a expedição trará para a vida na aldeia. "Esses irmãos tentaram o tempo inteiro conciliar suas missões, enquanto homens brancos, com a defesa dos índios", garante Caio Blat. 
 
A partir dessa consciência, Claudio, Orlando e Leonardo começam a lutar pelos direitos dos povos indígenas. Os irmãos transformam o bem-estar das comunidades do Centro-Oeste do Brasil em seus projetos de vida. E, em 1961, conseguem fundar o Parque Nacional do Xingu, ao Norte do Mato Grosso. A reserva ecológica era a maior do mundo naquela época e tinha o tamanho da Bélgica. "Por causa dessa luta, os Villas-Bôas foram indicados ao prêmio Nobel da Paz. E é uma injustiça a história deles ser pouco divulgada no Brasil", argumenta Felipe Camargo. 
Para contar esta saga pouco conhecida, a microssérie é toda narrada por Claudio, o irmão mais idealista entre os Villas-Bôas. A diferença é que, na adaptação para a tevê, o personagem é mais didático em sua narrativa do que foi no filme, explicando cada situação vivenciada. Por isso, o ator João Miguel teve de gravar mais falas para o seu personagem. "O fato de eu já ter assistido ao filme várias vezes, deixou algumas frases gravadas posteriormente ao filme mais maduras do que aquelas da época", entrega João Miguel. 
 
As cenas inéditas incluídas na produção foram gravadas junto com o filme. Algumas faziam parte do próprio longa, mas tiveram de ser cortadas na edição final por falta de espaço. E outras foram rodadas exclusivamente para a microssérie. Isso porque, na época em que Xingu foi produzido, já existia o projeto de adaptá-lo para a tevê. "Essa transição das produções entre o cinema e a televisão é muito benéfica para os dois canais de comunicação. E o Xingu, principalmente pelo tamanho e conteúdo dele, a gente não teria como fazer sem ter o projeto para a tevê", conclui o diretor Cao Hamburger.
Fonte: TV Press
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