Veja os melhores e os piores do telejornalismo de 2014
De Sandra Annenberg à Rachel Sheherazade, o ano foi cheio de altos e baixos no jornalismo televisivo
Em um ano de Copa do Mundo e eleições, o telejornalismo teve um 2014 repleto de pautas e informações sem precisar se esforçar muito. Antes de junho, a preocupação eram se as obras para o Mundial iam ficar prontas a tempo e se as manifestações de 2013 iam estragar o "evento do ano". Depois, o espaço na mídia foi preenchido pelo bom andamento dos jogos e pela expectativa eleitoral. Com informações precisas e uma imparcialidade que não soa "blasé" e descompromissada, o Jornal da Band se destacou e foi o vencedor na categoria telejornal do Melhores & Piores de TV Press 2014. A descontração e o bom senso de Chico Pinheiro também foram premiados. À frente do Bom Dia Brasil, o apresentador quase anima quem está em casa com seus "bordões" e sua naturalidade. Na contramão, ficaram as opiniões raivosas e perversas de Rachel Sheherazade, do SBT Brasil, e o sanguinário Fala Brasil, da Record, que foram eleitos os piores na categoria Apresentadora de Telejornal e Telejornal.
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Até 2016, nas Olimpíadas, os telejornais esportivos tiveram grande destaque. Com toda visibilidade, fica fácil ver quais produções sabem ter uma mistura consistente, informativa e agradável de ver. O Redação SporTV , pelo terceiro ano consecutivo, foi vencedor na categoria Programa de Esporte. Sem muito apelo durante os jogos da Copa, a produção do canal a cabo comandada por André Risek se destacou na repercussão das notícias do dia. A gritaria e o excesso de clubismo no Jogo Aberto acabou rendendo à produção da Band o "status" de Pior Programa de Esporte do ano. Sem grandes surpresas, o ano do telejornalismo colheu os frutos de uma boa direção somada a bons nomes. Quem não uniu pelo menos os dois ingredientes acabou ficando muito aquém da concorrência.
Melhor Telejornal
Jornal da Band , da Band
Eficiência básica: Informativo, leve e direto, o Jornal da Band reúne elementos simples, algo esquecido por telejornais de emissoras abertas. Ricardo Boechat e Ticiana Villas Boas conseguem, com facilidade, usar uma linguagem direta para atingir a todas as classes e públicos. Por isso, a produção se torna universal e sem "firulas". Na bancada, a credibilidade dos âncoras mescla sutileza, estilo, bom humor, dinâmica e opinião. Principalmente devido à boa desenvoltura de Boechat, que, sem "papas na língua", dá bons panoramas sobre as pautas. Os repórteres também têm bom entrosamento com a dupla de apresentadores, o que torna a exposição de matérias um processo fluido. Vale lembrar que os âncoras contam com a ilustre substituição de figuras como Bóris Casoy em edições esporádicas.
Pior Telejornal
Fala Brasil , da Record
Mistura letal: Há muitos anos, a Record luta para achar uma direção para o Fala Brasil . As constantes mudanças de apresentadores e de cenário, no entanto, não jogam a favor da produção. Pelo contrário. Sem uma linha editorial clara e sem nomes de peso na bancada, o telejornal perde o elemento básico e imprescindível: a credibilidade. A dupla de apresentadores sai do lugar-comum do "casal" da bancada. No entanto, Carla Cecato e Roberta Piza não mostram confiança necessária para ancorar o programa. Além de tudo, as pautas variam entre "sangrentas" e fúteis. Sem conteúdos interessantes ou nomes de peso, o telejornal fica muito aquém de seus concorrentes.
Melhor Produção Telejornalística de Variedades
Estúdio I, da Globonews
Na medida: Com informação e entretenimento, o Estúdio I se destaca por sua versatilidade. Comandada por Maria Beltrão desde 2008, a produção da Globo News consegue dosar seriedade, temas de comportamento e as já tradicionais "canjas" musicais. Os repórteres, sempre ao vivo, têm bom entrosamento com a apresentadora e chegam com informações complementares com as já debatidas no programa. Sempre que possível, as pautas ao vivo, como aconteceu muito neste ano de Copa do Mundo e eleições, são bem aproveitadas pela equipe. O baixo orçamento, evidenciado pelo cenário simples, é compensado com bons debatedores. Dez comentaristas fixos tornam o Estúdio I a melhor produção telejornalística de variedades.
Pior Produção Telejornalística de Variedades
Domingo Espetacular , da Record
Além da conta: O problema da Record parece ser achar o tom. Da teledramaturgia ao jornalismo, passando pela linha de shows, a emissora não consegue acertar o ponteiro de sua programação. Com telejornais fracos, a balança pesa contra as produções de variedade. O Domingo Espetacular se destaca por ser o pior entre eles. O formato, já conhecido do público, é mal explorado. O excesso de pautas irrelevantes e um sensacionalismo que dá preguiça esvaziam o programa apresentado por Paulo Henrique Amorim, Thalita Oliveira e Janine Borba. Muito "over", o dominical peca pelos exageros.
Melhor Apresentador de Telejornal
Chico Pinheiro, do Bom Dia Brasil , da Globo
Devida apropriação: No Bom Dia Brasil, Chico Pinheiro consegue a façanha de ser carismático, simpático e crível. Com muita credibilidade, o jornalista rouba a cena independentemente de sua parceira na bancada. Antes com Renata Vasconcellos e agora com Ana Paula Araújo, ele, cada vez mais opinativo, é um diferencial no programa. Suas tradicionais "frases de efeito" e gestos casuais dão ao jeito "mineiro" de Chico um tom informal que torna o telejornal leve e fluido para as manhãs de segunda a sexta.
Pior Apresentador de Telejornal
William Waack, do Jornal da Globo
Nota parcial: A vertente tendenciosa de William Waack compromete a credibilidade do Jornal da Globo. O apresentador deixa suas ideologias se sobreporem à relevância das informações. Parece que ele está mal intencionado ao dar as notícias, sempre com um olhar pessimista, até quando o cenário não é tão caótico. A "dobradinha" com Christiane Pelajo também não funciona. A impressão é que cada âncora está apresentando um telejornal diferente e, quando interagem, não apresentam sintonia.
Melhor Apresentadora de Telejornal
Sandra Annenberg, do Jornal Hoje , da Globo
Com elegância: Sandra Annenberg mostra que é possível transmitir credibilidade com um sorriso no rosto. A apresentadora do Jornal Hoje é a estrela do telejornal vespertino. Contrariando a maioria dos programas do mesmo formato, onde a figura masculina é a mais forte, ela se sobressai. Mérito da apresentadora. Sandra não esconde suas emoções na bancada. Ri, chora e dialoga com o público da produção de forma madura, crível e conectada. Prova de seu forte entrosamento com o telespectador e com as notícias, recentemente ganhou mais espaço na programação da Globo e comanda o Como Será?.
Pior Apresentadora de Telejornal
Rachel Sheherazade, do SBT Brasil
Sem noção: Rachel Sheherazade ganhou notoriedade por ser polêmica. A apresentadora foi chamada por Silvio Santos para ir para a rede nacional do SBT, em 2011, por criticar abertamente o Carnaval da Paraíba. Antes ela ficasse restrita às críticas culturais e folclóricas. À frente do SBT Brasil , Rachel ganhou força. Cada vez mais visível devido às atrocidades que cometia – como, por exemplo, sugerir que "adotasse" um bandido quem tivesse pena, criticar homossexuais e deixar clara sua visão religiosa –, a jornalista provou do próprio veneno. Suas opiniões polêmicas e colocações controversas renderam a ela o terror de quem está na tevê: a geladeira.
Melhor Programa de Esporte
Redação SporTV
Boa maré: Sem ficar preso aos gols da rodada, contratações e polêmicas do mundo do futebol, o tom analítico do Redação SporTV faz com que o programa se sobressaia entre seus concorrentes. Comandada por André Risek, a produção traça um panorama do esporte brasileiro e mundial, mostrando e debatendo os principais lances. As crônicas esportivas também são um ponto positivo. Em um ano de Copa do Mundo, o Redação conseguiu abraçar de forma coerente e concisa os 64 jogos do Mundial e, ao longo do ano, continuou consistente.
Pior Programa de Esporte
Jogo Aberto , da Band
Gritaria e pouca informação: Assistir ao Jogo Aberto é como ouvir um jogo de futebol no rádio. Com tantos gritos, intervenções e barulhos externos, quem está querendo torcer não sabe se a bola está nas mãos do seu goleiro ou na defesa. O programa apresentado por Renata Fan segue a mesma linha. O telespectador não consegue entender o que está acontecendo. Os comentaristas, formados essencialmente por "entendidos" e ex-jogadores de futebol, também não informam ou divertem. Pelo contrário, estimulam o que há de mais chato e pedante do clubismo.
Melhor Comentarista de Futebol
Caio Ribeiro, da Globo
Conhecimento de causa: Comentar futebol é uma tarefa difícil. Para não colocar paixão, preferências ou nada além da técnica ao vivo, é preciso calma e paciência. E Caio Ribeiro parece ter as duas características. Além do carisma, claro. Com jeito delicado, ele consegue explicar futebol de forma didática, sem ser chato, e descomplicada, sem ficar no "beábá". Com informações pertinentes e boas colocações, tem tido cada vez mais espaço dentro da grade da Globo. Durante a Copa do Mundo, fez bom trabalho ao lado de Tiago Leifert no Central da Copa , ganhando quadros e maior repercussão. Seja em jogos internacionais ou estaduais, o ex-jogador mostra uma visão ampla das quatro linhas e conhecimento de causa na hora de elogiar ou criticar.
Melhor Narrador de Futebol
Luiz Roberto, da Globo
Dono da bola: Um jogo de futebol envolve paixão, tensão e até certas doses de descontrole. Quem está na cabine de imprensa precisa saber exatamente disso para dialogar com quem está em casa, ansioso. Luiz Roberto parece entender exatamente o que se passa com o telespectador durante as partidas. Além de levar bem o clima do pré-jogo, ele segue com emoção durante os 90 minutos. O torcedor sabe quando a partida está ruim – especialmente para o seu time – e Luiz Roberto também deve saber. Por isso, "não deixa a peteca cair". Quem está assistindo acaba sendo levado pelas suas palavras. Sem um tom clubista, ele é imparcial, seguro e procura sempre manter a ética na hora de criticar juízes, técnicos e jogadores.
Pior Narrador de Futebol
Galvão Bueno, da Globo
Muita "firula": Criticar a forma como Galvão Bueno narra os jogos já passou a ser praxe dos brasileiros. Seja em casa ou nos estádios, é clara a reprovação que ele sofre. Entender os motivos não é difícil. Além de não inovar, Galvão irrita com sua visão sobre a Seleção Brasileira. O tom paternalista vai de encontro a todos os outros narradores, que se limitam a, de fato, narrar o jogo. O excesso de comentários "sem noção" e as interrupções dos seus companheiros da cabine também acabam prejudicando o andamento do jogo, que se torna coadjuvante. A impressão que dá é que Galvão quer aparecer mais do que quem está em campo.
Fotos: CARTA Z / Divulgação