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Peça de teatro na Polônia é acusada de blasfêmia e incitação ao ódio

22 fev 2017 - 16h15
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A promotoria de Varsóvia abriu nesta quarta-feira uma investigação sobre a peça de teatro "Maldição", do diretor croata Oliver Frljic, depois dos protestos que a consideraram uma ofensa aos valores católicos e uma incitação ao assassinato do líder do partido governante da Polônia, Jaroslaw Kaczynski.

Em uma das polêmicas cenas da obra, que é apresentada no teatro Powszechny de Varsóvia, uma cruz é serrada, e em outra aparece o papa João Paulo II, uma figura profundamente respeitada na Polônia, junto a um cartaz com a mensagem "O defensor dos pedófilos".

O episcopado local lamentou nesta quarta-feira o conteúdo de uma representação considerada "blasfêmica" e "ofensiva", que usa a desculpa da arte para "zombar" de símbolos importantes para a maioria dos poloneses.

Várias pessoas protestaram nesta semana contra o teatro Powszechny, apoiado pelos setores mais conservadores da sociedade, como a Fundação em Defesa da Democracia, que afirmou nesta quarta-feira que a peça "ultrapassa todos os limites do aceitável".

"Isto não é um teatro, é um bordel" e "Isto não é arte, é um lixo" são alguns dos lemas gritados pelos manifestantes em frente ao teatro.

O partido governante, o nacionalista e conservador Lei e Justiça, também criticou a peça e vários dirigentes da formação pediram abertamente que seja retirado o financiamento ao teatro Powszechny. Alguns integrantes do Lei e Justiça acreditam que a peça simula o assassinato do líder do partido, Jaroslaw Kaczynski.

Beata Kempa, chefe do gabinete da primeira-ministra da Polônia, Beata Szydlo, se juntou à polêmica ao afirmar que "se houver evidências que a obra incita ao ódio, será necessário transmitir alto e claro que isso não é permitido no país".

Ao mesmo tempo, o instituto jurídico Ordo Iuris fez um protesto perante o Conselho da Europa para denunciar que a peça representa uma incitação ao ódio.

Para Ordo Iuris, a peça é "um ataque a valores protegidos pela Constituição polonesa, ao bom gosto e aos direitos dos católicos" e "uma interpretação razoável" da mesma "permite conectá-la a um chamado ao assassinato do líder do partido do governo".

A direção do teatro nega as acusações, principalmente a que se refere à simulação da morte de Kaczynski, e lembra que a peça explora a divisão entre Igreja e Estado e analisa a influência da religião na sociedade.

EFE   
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