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‘La La Land’ opõe o sonho de sucesso à obsessão por fama

Favorito ao Oscar valoriza o artista engajado numa época de celebridades efêmeras

25 fev 2017 - 13h00
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Sensação desta temporada do Oscar, ‘La La Land’ chega ao fim de semana da grande premiação de Hollywood com 342 milhões de dólares de bilheteria, o equivalente a 1 bilhão de reais.

O musical escrito e dirigido por Damien Chazelle teve trajetória surpreendente: estreou em 9 de dezembro em poucos cinemas americanos e faturou somente 881 mil dólares (2,7 milhões de reais) nos primeiros três dias em cartaz, ocupando o 15º lugar no ranking das produções mais vistas na América.

No Brasil, ‘La La Land’ arrecadou até agora 6,3 milhões de dólares, cerca de 19 milhões de reais. Os melhores mercados para o longa foram Reino Unido, Coreia do Sul, Austrália, China, França, Alemanha e Espanha.

Mia e Sebastian: paga-se caro pela realização de um sonho
Mia e Sebastian: paga-se caro pela realização de um sonho
Foto: Facebook/@LaLaLandOFilme / Reprodução

O boca a boca e a repercussão nas redes sociais, aliados a uma eficiente campanha de divulgação, deram aspecto pop ao longa. Na internet há dezenas de vídeos de anônimos reproduzindo as coreografias e cantando as músicas.

Além de suscitar o saudosismo efetivo de quem sempre gostou de musicais e preserva o romantismo à moda antiga, o filme despertou nostalgia fictícia em quem só agora descobriu ou se interessou pelo gênero – principalmente as gerações que nasceram conectadas e na era dos blockbusters de super-heróis.

O roteiro de ‘La La Land’ não tem nada de original, mas aborda uma questão contemporânea e relevante: a busca da realização de um sonho em conflito com a necessidade de sobreviver em um mundo caótico, no qual o talento, ainda que necessário, não garante nada.

Há purismo na motivação dos protagonistas Sebastian (Ryan Gosling) e Mia (Emma Stone). Ele quer fundar seu clube para salvar o jazz e ela, atuar por convicção.

Em nome dessa missão artística, eles abrem mão até do amor que os une. E um dos méritos do longa é mostrar que, assim como na vida real, nem toda ficção precisa de final feliz clássico.

Fora das telas, a maioria dos candidatos ao estrelato não disfarça intenção menos nobre que a dos personagens: deseja fama, status, riqueza, expurgar frustrações, inflar o ego para compensar a baixa autoestima.

A democratização da comunicação, proporcionada especialmente por Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Snapchat, fez bilhões de pessoas reivindicarem os tais 15 minutos de celebridade aos quais teriam direito, de acordo com profecia do multiartista Andy Warhol.

Cada uma delas quer transformar a própria vida num mundo onírico e hollywoodiano como o de ‘La La Land’. Mas poucas conseguirão um lugar sob os holofotes.

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