Novelas ‘mornas’ ganham a indiferença dos telespectadores
Canais não conseguem fenômenos de audiência que conquistem as redes sociais
A teledramaturgia brasileira vive uma fase cinzenta. Não há uma novela que possa ser considerada grande sucesso de audiência e repercussão – seja no boca a boca ou nas redes sociais.
Na Globo, Record, SBT e Band, o índice das tramas no Ibope e na GfK está ‘ok’, nada mais do que isso. Falta empolgação popular. Há ausência de expectativa em relação aos desfechos.
Sempre que a TV aberta registra uma fase assim, e isso é mesmo cíclico, surge a hipótese do fim das novelas. ‘O telespectador teria se cansado do gênero?’
Não, não se cansou. Mas está cada vez menos interessado em enredos monótonos e personagens repetitivos. E o recurso dos temas polêmicos, lançado por alguns autores, já não o fisga com tanta facilidade.
A maioria das pessoas tem cada vez menos paciência para ficar uma hora diante da TV a fim de acompanhar um capítulo inteiro.
Para dar prioridade à televisão, o público exige uma novela arrebatadora, que seja mais interessante do que o infindável menu dos canais pagos e as opções igualmente infinitas na internet.
Se a trama vacilar, a atenção é desviada para um filme, um reality show, uma transmissão ao vivo no Facebook, a timeline do Instagram, a interação ágil no Twitter...
Fenômenos de audiência e mobilização virtual como Avenida Brasil (Globo, 2012) e Os Dez Mandamentos (Record, 2015) são cada vez mais necessários às emissoras – porém difíceis de serem reproduzidos.
A novela não precisa ser reinventada nem forçar uma simbiose com os modismos da web. Basta deixar de ser previsível, entediante ou excessivamente inverossímil.
E, acima de tudo, mostrar eficiência na pretensão de entreter, ao invés de irritar ou provocar indiferença.