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"Quero fazer um vilão na TV", diz Fabio Ventura, astro do musical Love Story

28 set 2016 - 12h10
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Foto: Sala de TV

Enquanto na TV ainda há uma batalha em curso por protagonistas negros, a montagem do musical Love Story exclusivamente com artistas afrodescendentes dá um passo importante no combate ao racismo e para o aumento da visibilidade da negritude nas artes.

Fabio Ventura, que interpreta Oliver Barret no espetáculo baseado no clássico do cinema, conversou com o blog a respeito de carreira, oportunidades de trabalho aos atores negros e teledramaturgia.

Foto: Sala de TV

Você tem vários musicais de sucesso na carreira, tais como Rita Lee Mora Ao Lado, Priscila, Rainha do Deserto, Elis, Estrela do Brasil e Império. Já se considera um especialista no gênero?

Apesar de já ter doze musicais compondo a linha do tempo da minha carreira, eu acredito que esteja no caminho e na busca constante para o domínio do gênero. De fato minha relação com o teatro musical já ganhou dimensões que ultrapassam a familiaridade. Mas é gratificante saber que ainda há muito o que conquistar. Esta dedicação não está somente no palco e nas salas de ensaio. Estudo, prestigio e regulamente viajo para assistir musicais em diferentes cidades do Brasil e do mundo. Acredito que minha relação com o passar dos anos vá agregar outras funções ao meu trabalho de ator e cantor em musicais, como a direção. Foi assim que comecei a tomar gosto para produzir os espetáculos em que também estivesse envolvido.

Como avalia a importância dessa montagem com protagonistas negros?

É Impossível não perceber que há algo de especial e muito importante acontecendo. O desafio não é ter um elenco todo formado por atores negros e, sim, que personagens estes artistas afrodescendentes estão tendo a oportunidade de dar vida. Isso é sem precedentes no teatro musical brasileiro. Pode parecer óbvio para alguns, mas a realidade bate de frente. Nossa peça não aborda questões raciais. Nossa história fala de amor. Com personagens que foram icônicos no cinema. Confesso que me surpreendi quando soube que estavam selecionando atores negros. É fundamental que isso não seja um fato isolado e sim quebre paradigmas e outros produtores, diretores e até mesmo patrocinadores passem a ver isso de uma forma harmônica e justa sem se apegar a equívocos do passado. O que já deveria estar acontecendo há muito tempo. Mas se só está acontecendo, agora… Então vamos lá! Que o nosso desempenho e nossos bons trabalhos falem mais alto e chamem mais atenção para mudar isso.

Tem algum ritual de preparação antes de subir ao palco? 

Eu procuro me manter em silêncio antes e depois de aquecer a voz. Fazer exercícios de respiração e concentração.

Qual é a rotina de exercícios e ensaios durante a temporada?

Isso se aplica de forma diferente, dependendo do projeto em si. No caso de 'Love Story', os ensaios aconteceram antes das respectivas estreias, tanto para a temporada no Imperator, quanto para esta segunda temporada no Teatro Fashion Mall. Mas há casos nos quais se ensaia semanalmente para  substituições ou mudanças de cena. Quanto aos exercícios vocais, estão totalmente voltados às necessidades e características do meu personagem (Oliver Barret IV).

É possível aprimorar a atuação ao longo da sessões? 

Toda sessão é uma oportunidade de mergulhar mais a fundo na atuação. Nenhuma sessão é igual a outra, pois nós contamos com diferentes plateias.

Quais personagens de outros musicais da Broadway gostaria de interpretar?

Existem vários. Da Broadway, do West End (Londres) e outros brasileiros ou vindo de filmes. Adoraria ter a oportunidade de dar vida ao Curtis Taylor Jr. ou ao James "Thunder" Early, do musical 'DreamGirls', e ao "Lola" do musical 'Kinky Boots'. Mas existe um personagem que nunca foi interpretado por um ator negro, que eu ficaria imensamente feliz em interpretar. Mas este, por enquanto, eu não posso contar nem sob tortura! (risos)

Teledramaturgia é um projeto? Que tipo de personagem o atrairia? 

Sim! É um projeto. Recentemente fui abordado para fazer uma novela, mas por motivos de força maior não será possível. Espero ter outras oportunidades. Teledramaturgia me interessa bastante, sobretudo as séries. Acho que tenho afinidades por personagens complexos, em que você fica intrigado com as viradas na trama e o psicológico. Dar vida a um vilão, seja ele na TV, no cinema ou no teatro é mais do que bem-vindo.

Quais são suas referências entre atores?

Sou bem eclético. Minha admiração e afinidade com outros artistas passam por aí também. Quanto aos atores brasileiros tenho total respeito e admiração pelo Marco Nanini. Gosto muito do trabalho do Selton Mello e do Lázaro Ramos, também. De outros países posso dizer seguramente que o trabalho do ator Ewan McGregor é fenomenal.

Foto: Sala de TV

Love Story - O Musical

Teatro Fashion Mall (Rio de Janeiro)

Até 23/10, sextas e sábados às 21h, domingos às 20h

Elenco: Fabio Ventura, Kakau Gomes, Sergio Menezes, Ronnie Marruda, Flavia Santana, Ester Freitas, Rafaela Fernandes, Emilio Farias, Suzana Santana, Rai Valadão, Caio Giovani.

Versão: Artur Xexéo

Direção: Tadeu Aguiar

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